domingo, 30 de dezembro de 2007

Por uma cidadania activa

A época que agora termina, a quadra natalícia, ilustra bem os tempos que vivemos. Marcadas pelo consumismo desenfreado, pelos excessos e pela irracionalidade, as sociedades ditas desenvolvidas continuem a trilhar um caminho na direcção daquilo que só me ocorre designar de precipício.
Para responder a desejos, prazeres, ou caprichos, o homo irrationale vai sacrificando a ética. Valores como a solidariedade, a dignidade, o respeito ou a complacência, são facilmente substituídos pela cobiça, pelo consumo acrítico ou pela luxúria. Mas o mais ignóbil, e lembremo-lo, é que para a sociedade de consumo ver os seus anseios satisfeitos, outras sociedades, marcadas por inúmeras (e, por vezes, gritantes) carências, se vêem, neste período, obrigadas a aumentar a sua actividade laboral, sendo esta frequentemente marcada pela precariedade. Falamos, em muitos casos, de mão-de-obra infantil, de pessoas vítimas de constantes atropelos aos mais elementares Direitos Humanos.
Sem dúvida que esta questão dá que pensar. Directa ou indirectamente, todos nós acabamos por ser parte deste problema. Duvido que a nossa consciência – pelo menos daqueles que anseiam ou lutam por uma sociedade mais justa – se sinta tranquila quando reflecte sobre aquela ou outras arbitrariedades. Todavia, por muito insignificante que possamos considerar o nosso contributo na busca de um atenuamento destes ou de outros problemas, teremos de manter a chama de que algo de significativo seremos capazes de desempenhar em prol de uma sociedade mais justa, mais igualitária. Meditemos, a título de exemplo, na quantidade de objectos supérfluos que adquirimos! Matutemos sobre a forma como ocupamos parte dos nossos tempos livres ou de lazer!
Prescindir de uma cidadania activa, ou seja, da participação interessada e consciente na polis, é negar o direito à nossa própria existência e ao dever do exercício efectivo na transformação e condução social, na tentativa de lutar por um mundo melhor, ainda que tal signifique uma gota no oceano.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Razões do nome do blog

Enquanto apaixonado pela montanha e pela natureza, decidi dar um nome que consubstanciasse essa paixão com a minha actividade profissional, o ensino. O montanhismo, em geral, e o alpinismo e a escalada, em particular, são actividades que me têm proporcionado inúmeras experiências e aprendizagens de valor incalculável, transferíveis a diferentes contextos. Todo o trabalho de planificação e acção nelas envolvidas reclama um processo pedagógico semelhante ao da actividade docente. Naturalmente que existem diferenças significativas entre ambos os casos. Todavia, muitas das lições que delas se retiram têm muito em comum. O amor, o respeito, a entrega, a exigência ou a dedicação são valores a considerar, quer na relação com a montanha, quer na relação com os alunos. Mas para uma melhor clarificação do que me vai na alma, quando me debruço sobre estes temas (montanha e educação), prefiro recorrer às preciosas informações prestadas por um amigo, Ilídio Cadíme - diga-se, um homem das letras e de uma cultura assinalável -, e que passo a citar:
"A montanha está associada à sabedoria. Nos Lusíadas, os nautas, como prémio da sua obra, recebem as ninfas e vão ao cimo do monte contemplar a máquina do mundo". Obrigado Ilídio.