sábado, 12 de dezembro de 2015

Desafios para a Educação

Em vésperas das eleições legislativas do passado dia 4 de Outubro, o nº 1173 do Jornal de Letras dá a conhecer as respostas dadas a um inquérito, levado a cabo por este quinzenário, por quatro especialistas e ex-ministros da educação. São eles, David Justino, Guilherme de Oliveira Martins, Júlio Pedrosa e Roberto Carneiro. Das quatro questões colocadas destacaria a primeira, não só por ser a mais abrangente em termos de conteúdo, mas também por lançar pistas reflexivas para as restantes.
A questão: Quais entende serem os principais problemas e as maiores dificuldades da educação – sistema educativo e de ensino e escolas – em Portugal, neste momento?
O contributo dos inquiridos é precioso, merecendo, por isso, uma reflexão cuidada por parte de todos os que efectivamente se interessam pelo presente e futuro dos nossos jovens.
Cultura de sucesso, valorização dos actores educativos, compromissos duráveis e contrato de regime são as ideias-chave apontadas pelo conjunto dos intervenientes, como réplica aos problemas que enunciam. Há uma consensualidade entre os quatro ex-responsáveis pela pasta da educação sobre as taxas elevadas de insucesso, retenção ou abandono escolar.
David Justino acusa o elevado grau de ineficiência e selectividade do ensino, ao mesmo tempo que aponta a necessidade de renovação e qualificação do corpo docente.
Júlio Pedrosa denuncia as assimetrias regionais, decorrentes de realidades sociais e culturais distintas, que acabam por se reflectir em contexto de sala de aula, bem como a falta de cultura de diálogo entre os principais agentes educativos. Neste ponto, advoga a premência da aposta na educação de adultos e na formação de professores, especialmente ao nível da educação para os valores.
Guilherme de Oliveira Martins coloca a tónica na diversificação de percursos escolares e na sua adequada avaliação, e a articulação entre educação, ciência e cultura. Esta última questão é, sem margem para dúvidas, imperiosa para o desenvolvimento e progresso de uma sociedade nas suas múltiplas vertentes.
Sem desconsiderações, Roberto Carneiro é, destes quatro ex-ministros que tutelaram a pasta da educação, o mais contundente, mais claro e mais objectivo na abordagem dos problemas do nosso sistema educativo, o que só demonstra a visão globalizante e integrada que tem sobre a Educação. Não é por acaso que é umas das referências maiores nas Ciências da Educação, que vai muito para lá das nossas fronteiras.
Defensor daquilo que designa de “Cidades Educadoras”, de uma cidadania nas suas mais relevantes dimensões (democrática, social, paritária, intercultural e ambiental), como diz, partilhada por todos e por cada um de nós, Roberto Carneiro denuncia problemas estruturais do nosso sistema educativo, que persistem numa organização pedagógica e curricular fragmentária que, entre outras lacunas, desvaloriza a integração de saberes em experiências significativas de vida; a sobrevalorização dos títulos académicos universitários relativamente aos que resultam das vias vocacionais e profissionais, que evidencia uma visão classista que teima em persistir; as insuficientes e débeis respostas a determinados grupos sociais ou culturais, entre outros, minorias étnicas, refugiados ou migrantes, grupos religiosos específicos e crianças com necessidades educativas especiais. Roberto Carneiro sintetiza: “apesar dos 40 anos de democracia, intensamente vividos, e da democratização exemplar do acesso à escola, o sistema educativo português continua a reproduzir os paradigmas dominantes do regime anterior, o Estado Novo; uma fortíssima seletividade escolar ao invés da tão badalada inclusividade; a manutenção de uma estruturação do sistema nos ciclos do passado (4+2+3+3); a secundarização social imposta a profissões manuais com o consequente cortejo de menorizações das vias de estudos profissionais; a conservação dos tiques de um sistema elitista que recusa a abertura a crianças diferentes (…); um sistema de formação inicial de professores que não os dota das competências didáticas indispensáveis (…)”.
É uma ilusão, para não dizer pura demagogia, pensar que uma sociedade pode atingir, como é recorrente e exaustivamente dito e escrito, níveis de desenvolvimento, progresso e qualidade de vida, sem investir, dentro e fora da escola, na resposta a estes problemas que, como vimos, persistem há demasiado tempo. Ao ignorar esta realidade, estaremos a contribuir para manter o nosso crónico défice de cidadania, para debilitar o Estado de Direito, para conspurcar a nossa identidade nacional, menosprezar o nosso legado cultural, e assim, a hipotecar o futuro das nossas crianças e jovens, e por consequência, do nosso país. 

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Espaço para as Artes e a para criação

“Nem só o que cria riqueza e emprego tem o direito de erguer os olhos para o céu em busca de uma luz que, em regra, lhe é recusada”.
José Jorge Letria

O Plano de Promoção das Artes (PPA), que decorre pelo segundo ano consecutivo no Agrupamento de Escolas Gomes Monteiro, de Boticas (AEGM), é um bom exemplo de como a escola pode e deve contribuir para a uma educação integral dos jovens. Ao contrário do que tem sido a prática de algumas escolas, que privilegiam o aumento da carga curricular de algumas disciplinas (em particular, a Matemática e o Português), já de si elevada e desproporcionada relativamente a outras que merecem igual destaque, o AEGM aposta, e bem, em espaços de aprendizagem não formais diversificados, que se cruzam e onde o aluno é protagonista de um processo que conta com diferentes dimensões, nomeadamente, a cívica, artística, estética, poética, cognitiva, afectiva e ética.
Contra o seguidismo acrítico de uma política educativa obtusa e reaccionária, engendrada pelo pior ministro da Educação do Portugal democrático, Nuno Crato, cujo foco, e em matéria curricular, pouco mais foi para além da Matemática, o AEGM decidiu-se por repor alguma justiça, ao “devolver” às disciplinas de Educação Musical, Educação Visual, Educação Tecnológica e Educação Física alguns tempos semanais, uma vez que estas têm vindo a ser desfalcadas de carga lectiva há vários anos. Mas este não é o grande propósito do PPA, mas sim, e de acordo com o supra-referido, o de dar um contributo expressivo para a formação holística do aluno, algo cada vez mais premente nos dias que correm.
A iniciativa do PPA partiu da subdirectora do AEGM, a professora Ana Luísa, também ela uma figura com sensibilidade estética e ligada às artes. Não surpreende, por isso, a ideia e o interesse em avançar para um projecto tão abrangente, que reunisse várias sinergias. Esta resposta educativa, de enorme valor, não exclui ninguém, nem fica apenas dentro de paredes. Para além das famílias, o PPA conta com o apoio da autarquia de Boticas.
Do pré-escolar ao 9º ano, incluindo a educação especial, ninguém fica fora da fruição das artes e da cidadania. Assim, e começando pela Educação Pré-Escolar, o PPA inclui o projecto “Oficina do Livro”, que integra e cruza áreas como a dança, teatro, expressão plástica, expressão musical, cinema e abordagem à escrita. No 1º Ciclo, o projecto “Educar para as artes” aborda, quer no âmbito do currículo, quer nas actividades de enriquecimento curricular, as mesmas áreas de expressão. Já nos 2º e 3º ciclos, a promoção das Artes faz-se através das seguintes 7 oficinas: leitura & escrita, dança, música, imagem, cor, forma e pintura. Esta última da minha responsabilidade.
Este ano, e volvidas apenas 4 semanas do início efectivo das actividades, o agrupamento conta já, só no total dos alunos dos 2º e 3º ciclos, com cerca de metade de inscrições voluntárias, sublinho. Ao longo do ano lectivo certamente que muitos outros irão aderir, tal como já aconteceu no ano lectivo anterior.
Outro aspecto de enorme relevância, que importa aqui destacar, é o intercâmbio que se verifica entre as diferentes áreas de expressão e as áreas curriculares.
As várias políticas educativas erradas, algumas gravosas e contraproducentes, verificadas desde há vários anos; a ignorância e os preconceitos relativamente às artes e à cultura, tantas vezes espelhado por governantes e muita da opinião pública; a desagregação da União Europeia, particularmente ao nível de políticas sociais; a ascensão de partidos xenófobos, são apenas algumas das razões mais que evidentes e alarmantes para se arrepiar caminho, tentar recuperar algum do tempo perdido, e dar o espaço que as artes e a cultura merecem na educação e formação do sujeito cidadão, quer no propósito de firmar a identidade de uma nação, quer na difícil, mas necessária consolidação dos laços entre povos, fazendo da Europa um verdadeiro lugar de interculturalidade e solidariedade.
De certa forma, o texto introdutório do presidente do Parlamento Europeu, Martins Schulz, num estudo encomendado pelo Grupo Europeu de Sociedades de Autores, apresentado a 2 de Dezembro de 2014 à Comissão Europeia, vai ao encontro deste ditame: “A Europa está assente numa história de partilha e num rico património de diversidade cultural. Esta herança é partilhada pelos povos da Europa como algo cujo valor nos é comum. Isso dá à nossa União a sua identidade e é o cimento que a mantém unida. Eis a razão pela qual a Europa deve fazer tudo o que estiver ao seu alcance para preservar esse legado. A cultura é um dos maiores investimentos e riquezas da Europa”.

domingo, 11 de outubro de 2015

Escalada da via Martingada e estreia de uma dupla!

Foi no passado dia 9 de Outubro que me aventurei com o Bruno Teixeira, um jovem promissor, numa escalada ao Pico S. Carlos, pela sua face Sudoeste. Para chegarmos ao cume tivemos pela frente uma escalada de 2h30, feita pela via Martingada. Apesar de um grau de dificuldade baixo (pelo menos para nós) a via de 150 metros apresentava-se com alguns troços que exigiam cuidado e concentração, não só pela verticalidade existente nalgumas partes da via, mas também por se tratar de uma escalada clássica, com algumas das reuniões a terem que ser montadas em pontos de rocha, e outras equipadas com pitões e cordinos. 
Nalguns momentos tivemos de progredir uns bons metros sem possibilidade de protecção. Como atrás referi, apesar da via nos ser acessível, certo é que uma eventual resvalar seria suficiente para resultar em danos físicos consideráveis! É que a via obriga a algumas travessias e diagonais. Ficou-nos a dúvida do grau de dificuldade, talvez devido a alguns pequenos desvios que achamos que fizemos durante a escalada! Em todo o caso, para quem tenha o nível a partir de um V+/6ª é uma via perfeitamente acessível, muito agradável, com ambiente alpino e belas vistas. 
Mas a aventura começou bem antes! Metemo-nos à estrada ainda antes do raiar do sol, e rolámos cerca de 500 km até Fuente-Dé. Depois de abandonar a viatura num dos parques de estacionamento, subimos de teleférico, e após uma caminhada de cerca de hora e meia, montanha acima, chegámos à base da parede. A escalada teve início por volta das 18 horas (hora local), tendo sido concluída às 20h30, já de noite. Porque este desfecho já estava calculado, já íamos munidos dos nossos frontais, para assim podermos regressar à base da parede, pela via normal, caminhando, onde pernoitaríamos numa cavidade na rocha, a poucos metros do início da via. 
Na manhã seguinte, ao nascer da aurora, despertei ainda a tempo de assistir ao levantar do sol e às maravilhosas vistas com que fomos brindados. Nesse mesmo dia regressámos a Portugal.
Fica aqui o link do vídeo desta nossa aventura: https://www.youtube.com/watch?v=M06mePEik7Q



quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Non, ou a Vã Glória de Mandar

Muitos se lembrarão deste título, dado a uma grande obra cinematográfica do nosso já falecido cineasta Manuel de Oliveira. O filme, estreado em 1990, retracta a história de Portugal, não pelas suas conquistas ou vitórias, mas sim pelo lado das derrotas e fracassos. Nada mais inspirador para lançar um olhar atento sobre o que tem sido a promoção da longa-metragem produzida e realizada pela coligação PSD/CDS, ao longo dos últimos quatro anos!
Embora mantendo uma necessidade obsessiva em evocar fantasmas do passado, mas sem revelar aos portugueses o que projecta para o futuro (pois não convém!), o governo e a maioria de direita que o apoia insistem em lembrar os sucessos da sua governação. Afinal o que festejam?
Depois de na campanha para as legislativas de 2011 Pedro Passos Coelho ter prometido que não aumentaria impostos, que não cortaria nas pensões, que jamais reduziria ordenados, que não acabaria com o 13º mês, etc., o que se verificou foi exactamente o contrário de tudo isto e muito mais. Ou seja, o enredo do filme foi, e ainda é, feito de jogos semânticos, mentiras descaradas e embustes. Avivemos a memória!
Assim que tomou conta do poder em Junho de 2011, a coligação PSD/CDS apressou-se a ir além da Troika, cuja vinda tanto desejou, forçou e exultou, pois encontrou no seu guião o ideário para a materialização do seu radicalismo ideológico.
O governo viu na crise uma oportunidade única e usou o sistema de Segurança Social não só para tentar reduzir o défice, como também para criar um conflito entre gerações, colocando pensionistas contra trabalhadores e jovens contra idosos, afrontando a Constituição... que jurou cumprir!
Os sacrifícios tiveram como resultado o desvanecimento da economia, a destruição de centenas de milhares de postos de trabalho, a extorsão de funcionários e pensionistas, o depauperamento dos apoios sociais, a debilitação do sistema de ensino e científico, o agravamento da pobreza, a criação de miséria encapotada, a emigração de cerca de meio milhão de portugueses, uma boa parte deles jovens altamente qualificados, debilitando assim, e ainda mais, a sustentabilidade da Segurança Social. A administração pública foi vergastada e empobrecida. O sistema de justiça tornou-se no caos que está à vista de todos. Na saúde, o garrote aplicado foi tal, que levou a mais desigualdade, mais doença por tratar, menor eficiência e maior vulnerabilidade a crises sazonais. A educação sofreu cortes brutais, mas tal não impediu que o governo, paladino da boa gestão, brindasse os colégios privados, já no final deste mandato, com mais 140 milhões de euros, à custa do subfinanciamento da escola pública. Aliás, isto vem na senda de um dos grandes desígnios do governo, que é a preparação do terreno para a privatização da escola pública.
O investimento praticamente cessou, o consumo interno reduziu drasticamente, o PIB regrediu e o défice aumentou. Sobre este, e na sequência do falhanço da venda do Novo Banco, não se trata de um efeito "meramente contabilístico", como disse a ministra das Finanças, nem de que "não tem nenhum efeito na vida das pessoas", como disse o Primeiro-Ministro. A mentira tem perna curta! As contas estão feitas: representará um factura de 490€ a cobrar a cada português!
Apesar da venda ao desbarato de quase toda a economia pública mais significativa (cimentos, EDP, CTT, ANA, REN, PT, Tanquilidade, TAP, etc.), o governo não evitou que a dívida disparasse de 109% para 130% do PIB. Valeu-nos os chumbos do Tribunal Constitucional, senão o cenário económico e social seria bem mais dramático do que aquele que se apresenta hoje. Quanto à dita reforma do Estado... ficou na gaveta!
a taxa de desemprego, bem maior do que aquela que herdou o governo de Passos e Portas em 2011, cifra-se nos 12,4%, segundo dados do INE. Contudo, este número não traduz a realidade do desemprego em Portugal, pois coloca de fora os chamados "desencorajados", os desempregados de longa duração, os falsos estagiários e os que emigram. Se todos entrassem justamente nas contas, a taxa de desemprego seria escandalosamente maior.
Agora pergunto: são estes factos, esta realidade amarga e indesmentível, fruto de quatro anos de austeridade aplicada a dobrar, que levam o governo e a maioria de direita a tanta euforia, tanto regozijo, tanta embriagues? Vã glória!
Depois de terem subido impostos, criado sobretaxas, cortado subsídios, reduzido apoios sociais, incentivado à emigração e empobrecido o país, a coligação PSD/CDS prepara-se, uma vez mais, para iludir os portugueses, apresentando-se com um guião eleitoral/cinematográfico cheio de omissões e novas (falsas) promessas, escondendo uma agenda para um o futuro do país que se traduz em mais do mesmo.
Estou curioso para saber se os portugueses estarão dispostos a patrocinar uma sequela deste thriller, protagonizado pela dupla de ilusionistas, Passos Coelho & Paulo Portas!



domingo, 6 de setembro de 2015

O Director de Turma: Um agente importante no processo educativo

Com o início do ano lectivo à porta recomeçam as preocupações de muitos pais e encarregados de educação. Começa logo pelas despesas que se avizinham, especialmente com manuais e materiais escolares. Juntam-se as apreensões por parte daqueles que verão os seus educandos ingressarem pela primeira vez na escola, isto no caso das crianças que entram para os jardins-de-infância, ou no caso dos mais crescidos, com a adaptação a uma nova escola e/ou turma ou a novos professores. O mesmo quanto a horários lectivos, a ocupação dos tempos livres, os transportes, a alimentação, etc. Enfim, refiro-me a um conjunto de inquietações legítimas, por parte dos encarregados de educação, que podem ser (e normalmente são) atenuadas pela intervenção do Director de Turma. Aqui incluo, naturalmente, o Educador de Infância, no caso do Pré-Escolar, e o professor Titular de Turma, no caso do 1º Ciclo do Ensino Básico.
O Director de Turma é, sem dúvida, um elemento importante e decisivo neste triângulo que liga alunos - professores/escola - encarregados de educação. Na minha opinião, dentro da escola este é o cargo com maior responsabilidade, uma vez que obriga o seu titular a estar em permanente contacto com colegas/professores, direcção da escola, alunos e, embora em menor grau, com outros elementos da comunidade educativa, sempre com a missão de procurar dar resposta a questões ou problemas que vão naturalmente surgindo ao longo do ano lectivo. Não é tarefa fácil. Por vezes é mesmo ingrata. No entanto, o trabalho do Director de Turma pode ver-se facilitado se entre os demais envolvidos no processo educativo, e que atrás fiz referência, houver uma plena consciência e assunção das suas obrigações e responsabilidades.
Cada um, em especial professores, encarregados de educação e alunos, devem desde cedo tomar consciência que o sucesso escolar dependerá, em boa parte, do empenho de cada um e da harmonia que for criada entre ambos. Do Director de Turma espera-se naturalmente imparcialidade e sentido de justiça na abordagem dos problemas que possam surgir no seio da turma. Nunca, em momento algum, deverá tomar parte de um dos lados, apenas por conveniência pessoal ou por receio de enfrentar outros elementos do dito triângulo… com ou sem manto protector.
Mais importante do que a letra morta que habitualmente preenche os regulamentos internos das escolas, ou de outros documentos afins (conhecidos apenas por quem os redige – não poucas vezes num exercício de “cópia e colagem” – e poucos mais), o que interessa destacar é a capacidade de diálogo do Director de Turma, e daí, a capacidade em gerar consensos entre os vários intervenientes no processo educativo, mobilizá-los e fazê-los ver e sentir que muitas das soluções para os problemas que assomam só serão possíveis através da convocação de diferentes sinergias, ou seja, através de uma acção concertada. 

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Uma empreitada nos Alpes

Nos dias 7 e 11 de Agosto escalei duas montanhas dos Alpes, com altitudes superiores a 4.000 metros. Uma delas, o Dufourspitze, mais conhecida por Monte Rosa, com os seus 4.634 metros representa a segunda montanha mais alta dessa cordilheira do continente europeu. O outro cume alcançado foi o do Castor, uma montanha com 4.228 metros de altitude. Ambas são partilhadas pela Suíça e pela Itália.
Quanto à primeira, juntando-se a um desnível de 1.800 metros, que vai desde o ponto de partida, o refúgio de montanha do Monte Rosa, até ao topo da dita montanha, uma longa travessia de glaciares recheados de fendas que atingem centenas de metros de profundidade, percorridos de noite, mais uma neve empapada nalguns dos tramos do percurso, devido às altas temperaturas que se têm feito sentir neste Verão nos Alpes, estava assim reunida uma mistura “explosiva”, que viria a dificultar a escalada. Representou para mim, sem dúvida, um desafio bastante exigente, quer técnica, quer fisicamente. A partida aconteceu ainda antes das 3 da madrugada do dia 7, tendo o cume sido alcançado por volta das 10h15.
Foi uma das escaladas mais desgastantes que fiz até à data. Já em 2012 tentei escalá-la, mas acabei por desistir depois de ter assistido, em escassos minutos, à queda de dois alpinistas em fendas dos glaciares. A um deles ajudei inclusive no seu resgate. Além disso, também nesse ano as temperaturas estiveram elevadas neste maciço, tornando o terreno bastante perigoso.
Quanto ao Castor, embora com um grau técnico pouco exigente, certo é que os últimos 100 metros até chegar ao cume percorrem-se por uma aresta gelada, com cerca de 40 cm de largura e com pendentes de 70˚ para cada um dos lados.
Na página dos vídeos deste blogue poderão assistir aos vídeos que produzi sobre esta expedição.

domingo, 2 de agosto de 2015

Vou ter saudades de Cavaco!


Nunca um presidente da República me divertiu tanto e deu tanto aso à minha imaginação, como Cavaco Silva. Com as suas tiradas públicas, creio, inclusive, que os próprios partidos da oposição encontraram, no mais alto magistrado da nação, o melhor e mais fiel aliado que poderiam desejar. E têm-no. Os seus “Roteiros”, onde reúne as suas principais intervenções públicas, são, veja-se, um autêntico almanaque, que nalguns momentos chega a confundir-se com um anedotário.
Deixando o comentário desses colossais tratados filosófico-políticos entregue a grandes vultos da cultura e sapiência, tais como os insuspeitos Camilo Lourenço, João Miguel Tavares, João César das Neves, Alberto Gonçalves, Nuno Melo, Pais Antunes e outros membros da academia, vou apenas glosar alguns dos momentos mais hilariantes protagonizados pelo nosso presidente da República, nos instantes em que é interpelado pelos jornalistas, ou quando faz comunicações ao país.
Embora a dicção e o timbre de voz não lhe sejam abonatórios, já para não falar na sua postura hirta e o seu caminhar autómato, certo é que Cavaco Silva, em resposta às interpelações daqueles profissionais da comunicação, é letal quando faz uso da sua arma secreta: “Não faço comentários”. Toma lá! Isto só demonstra toda a sua genialidade, de fazer inveja a um Churchill. Faz-me lembrar uma resposta que por vezes me era dada, quando era miúdo (embora com outras intenções!), e que era: “Calado dizes tudo!”.
Sem o mínimo rigor cronológico, simplesmente porque não estou para me dar a esse trabalho, começaria pela reforma de Cavaco Silva. Dissera ele, em tempo idos, que a sua miserável reforma de 10.000€ mal dava para pagar as suas despesas. Mas alguém duvida? Só mesmo essa seita costumeira de invejosos e arruaceiros para condenar o nosso estimado presidente, esquecendo-se da freima que é governar uma moradia como a do Palácio de Belém. Já alguma vez pensaram na conta da água, agravada pela rega diária das centenas de metros quadrados de jardim que o rodeiam? Na da electricidade, agravada pelo uso intensivo do meio privilegiado de ‘comunicação’ de Cavaco Silva, o Facebook, para manter um animado e elucidativo monólogo com, como ele diz, os “cidadões”? E a conta do telefone? E o mordomo? Não me perguntem qual deles! A criadagem? Espanta-me que Isabel Jonet ainda não tenha tomado nas mãos este caso humanitário dramático!
Só há uma em que não estou de acordo com o nosso presidente, aquela da penosa operação aritmética que há pouco tempo fez, a propósito da eminente saída da Grécia da zona euro. Dizia então o nosso presidente que se se desse o Grexit, teríamos que subtrair uma unidade a 19 (os países do Eurogrupo), resultando daí 18 unidades. Ora eu estou mais inclinado para a equação que alguns reputados economistas apontam, e que é: 19 – 1 <=> 19 – PIGS (Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha)
E que dizer de alguns dos condecorados pelo nosso presidente, tais como, Zeinal Bava, Miguel Horta e Costa, Dias Loureiro, Oliveira e Costa…?
Mas a melhor de todas, foi quando, no dia do anúncio da marcação da data das próximas eleições legislativas, Cavaco Silva defendeu que o próximo governo deverá (reparem, eu não disse “deveria”!) ter o apoio de uma maioria parlamentar, pensando obviamente numa coligação PSD/CDS. Disso não tenho a menor dúvida, pois segundo fontes fidedignas (as mesmas que violam sistematicamente o segredo de justiça), no dia anterior, enquanto preparava a dita e complexa comunicação frente ao espelho da casa de banho, o nosso presidente envergava o equipamento alternativo do FCP, das temporadas 1997/98 e 1998/99. Lembram-se, aquele de cores laranja e azul?

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Casa do Tempo


No passado dia 17 de Julho foi inaugurada mais uma exposição minha, desta vez em Cabeceiras de Basto, num maravilhoso espaço cultural que dá pelo nome de Casa do Tempo. Fica já o concelho para que o visitem. Vale realmente a pena. Ah, e já agora aproveitem para visitar a exposição!
Realço a forma calorosa e profissional com que fui recebido pela autarquia, que desde o primeiro contacto manifestou total disponibilidade para organizar a exposição. O evento foi abrilhantado pela participação e animação musical do grupo Cavaquinhos da Raposeira, cujo “líder” é um velho amigo que reencontrei, depois de 20 anos sem ter notícias dele.

Não faltou champanhe para brindar todos os presentes, numa noite de Verão bastante agradável.
A exposição estará patente até ao dia 3 de Setembro.




domingo, 5 de julho de 2015

O Supremo Tribunal de Exames


Estamos à porta da segunda fase dos exames nacionais. As escolas continuam na azáfama de preparar as condições necessárias para que essas provas decorram com toda a normalidade, seguindo uma panóplia de procedimentos e critérios burocráticos e rigorosos.
No anterior artigo debrucei-me sobre os efeitos perversos que a avaliação externa (entenda-se, os exames nacionais) tem provocado no processo de ensino-aprendizagem, na medida em que, como dissera, “o trabalho docente passou a privilegiar a preparação para os exames, em detrimento de uma escola que promova a curiosidade, desenvolva a inteligência e fomente a criatividade”. Desta vez focar-me-ei nos exames do ensino secundário, pela sua maior visibilidade, não só porque é o patamar que antecede o ensino superior, mas sobretudo por ser o leitmotiv do trabalho lectivo de muitos docentes.
Na dupla qualidade de professor e encarregado de educação vou ouvindo alguns dos meus caros colegas dizerem esta coisa assombrosa e peregrina, de que o seu trabalho lectivo visa, grosso modo, a preparação para os exames. Portanto, a sua grande e nobre missão é aprontar os alunos para levá-los a “julgamento” no Supremo Tribunal de Exames, um momento de avaliação que se debruça apenas, sublinho, sobre uma parte de um conjunto mais alargado de aprendizagens trabalhadas durante o ensino secundário, nos mais diversos domínios.
Ao contrário de outros países que levam a sério a educação, e que por isso figuram no top mundial dos melhores sistemas de ensino do mundo, no nosso país, o acesso ao ensino superior tem como critério único os exames nacionais. Nalguns deles, as capacidades artísticas, desportivas, actividades extracurriculares, entre outros, são valorizados e tidos em conta no ingresso no ensino superior. Como se não bastasse, por cá, a percentagem que algumas disciplinas atribuem ao domínio dos valores e atitudes, na avaliação dos seus alunos, é mísera, desvalorizando, assim, uma componente fundamental para a formação cidadã dos jovens.
Na minha opinião, essa é uma visão muito estreita e limitada do que deveria ser a realidade educativa. Vejamos, os exames nacionais valem apenas 30% da avaliação final! Depois, um aluno, por muito bem preparado que esteja não está livre de ter um dia não, de ter um bloqueio na hora do exame e deitar algo a perder no conjunto da sua avaliação final. Além disso, a tão propagandeada exigência colocada nos exames fica na gaveta em anos de eleições. É ao que estamos a assistir actualmente, com professores e alunos a considerarem os exames deste ano bastante acessíveis. Compreende-se, convém que as estatísticas sejam favoráveis e que o ministro da educação e o governo fiquem bem na fotografia!
O trabalho lectivo e pedagógico deveria, sim, estar centrado nas aprendizagens que se vão realizando, dia-a-dia, em diferentes contextos educativos, numa prática pedagógica reflexiva que, e ao primeiro sinal, procure dar resposta às dificuldades manifestadas pelos alunos. Em vez de despejar matéria de forma desgarrada para “cumprir o programa”, porque dizem, “há um exame!”, nem que tal signifique deixar para trás alguns alunos, haveria, sim, que prepará-los para os diferentes momentos de testagem dos mais variados conhecimentos e competências, através dos diferentes instrumentos de recolha de dados (testes sumativos, relatórios, trabalhos escritos, apresentações orais, entre muitos outros). Esse é o princípio basilar da avaliação contínua e formativa, integrada numa perspectiva de educação holística. 

sábado, 6 de junho de 2015

O Primado dos Exames e o definhar de uma Educação para os Valores


Em Fevereiro deste ano o Conselho Nacional de Educação (CNE) publicava uma Recomendação intitulada, “Retenção Escolar nos Ensinos Básico e Secundário”. Nela, este órgão consultivo do Ministério da Educação, presidido pelo ex-ministro da Educação, David Justino, manifesta a sua preocupação com a elevada taxa de retenção verificada no nosso país, com uma subida considerável a registar-se no ensino básico a partir de 2011.[1]
Só entre o ano 2011 e 2013 a taxa de retenção verificada no 6º ano de escolaridade duplicou, a que, segundo o CNE, não deverá ser alheia a introdução das provas finais, a partir precisamente do ano lectivo 2011-2012. Também nas transições de ciclo os valores da retenção aumentam, em especial nos 7º e 10º anos, denunciando uma ruptura no grau de exigência, entenda-se, uma não progressividade das aprendizagens na transição do 2º para o 3ºciclo, e entre este e o ensino secundário.
Começando pelos exames de final de ciclo (4º e 6º ano), introduzidos pelo actual ministro da Educação, Nuno Crato, o CNE deixa claro que estes vieram perturbar, para além do normal funcionamento das escolas, o processo de ensino-aprendizagem, com consequências nefastas quer no que toca às taxas de retenção, quer na alteração dos processos de avaliação interna, contrariando o que tem defendido a investigação científica e os próprios normativos. Ou seja, e tal como lembra o CNE, “a forma como se concretiza a avaliação sumativa externa tem contaminado os procedimentos de avaliação interna”. As consequências mais evidentes são, entre outras, “a sobrevalorização das disciplinas sujeitas a exame em detrimento das restantes áreas do currículo; a replicação, em sede de avaliação interna, da estrutura dos instrumentos de avaliação externa, bem como dos respectivos critérios de classificação, e o desenvolvimento da prática sistemática de treino para provas ou para os critérios das provas, nas disciplinas sujeitas a avaliação externa”.
Numa primeira síntese, poder-se-á dizer que a cultura de avaliação das aprendizagens voltada para a classificação e seriação, adquire um carácter penalizador da avaliação, ao invés de se focar na intervenção sobre as dificuldades detectadas. No caso do ensino secundário a situação adquire proporções mais preocupantes, em especial nos cursos científico-humanísticos, uma vez que, e tal como frisa o CNE, “os resultados da avaliação sumativa interna e externa são o critério único de acesso ao ensino superior, na maioria dos cursos. Tal condição tem modelado o ensino secundário à condição de ‘preparação para o ensino superior’, minimizando o valor intrínseco da formação de ensino secundário.”
Resumindo, a avaliação externa tem condicionado a avaliação interna, na medida em que o trabalho docente passou a privilegiar a preparação para os exames, em detrimento de uma escola que promova a curiosidade, desenvolva a inteligência e fomente a criatividade. Pilares fundamentais, segundo António Branco (2015), “da edificação de uma personalidade humana comprometida com o mundo, de cidadãos capazes de intervir activamente na sociedade”.[2]
Atente-se ao exemplo da Finlândia, um verdadeiro modelo de escola cidadã, que tem figurado no topo dos países da OCDE a nível do sucesso nos resultados escolares. A par de uma real autonomia das escolas e dos professores, e não falaciosa como aquela que vivemos no nosso país, na Finlândia os exames só acontecem no final do ensino secundário; o ensino dá-se de forma integrada, com todas as disciplinas colocadas ao mesmo nível de importância; os processos pedagógicos fazem do aluno o centro das atenções, em que a exigência convive em harmonia com os ritmos de aprendizagem diferenciados, que naturalmente se verificam no seio das turmas, e em que o principal desígnio da escola é preparar os alunos para a vida[3].                                                
Num momento em que tanto se reclama a falta de valores e de cidadania na nossa sociedade, como aliás dão conta diariamente os noticiários, é tempo de fazer da escola um lugar para a criatividade e a investigação, para as artes e a cultura, para a educação física e a saúde, para uma educação multicultural, para uma educação para os valores, para a compreensão dos desafios e dilemas contemporâneos, para uma cidadania democrática e participativa. Enfim, para uma educação humanista.




[1] De acordo com os dados do PISA 2012, Portugal ocupa o terceiro lugar dos países da OCDE com uma taxa de retenção mais alta. Anualmente são mais de 150 mil os alunos que ficam retidos no mesmo ano de escolaridade. Cerca de 35% dos jovens portugueses com 15 anos tinham já sido retidos pelo menos uma vez, contra a média OCDE de 13%, e mais de 7,5% apresentam no seu percurso mais de uma retenção.
[2] BRANCO, António (2015). A Universidade desde o princípio. Jornal de Letras, Ano XXXV, nº 1165.
[3] Vale a pena ler a reportagem de Isabel Leiria sobre o sistema de ensino finlandês, publicada na revista do jornal Expresso, do dia 30 de Maio de 2015.

quarta-feira, 20 de maio de 2015

“CASAS TRANSMONTANAS - Um olhar distinto”

Este é o título da minha exposição de pintura, inaugurada no dia 16 de Maio, em Vinhais. O conjunto de vinte aguarelas, de diferentes dimensões, estará patente ao público até ao final de Junho, no Centro Cultural Solar dos Condes de Vinhais. Trata-se de um edifício dos antigos condes de Vinhais, pertencente à família Costa e Pessoa, denominadas «Casas Novas». Este imóvel, com várias valências, está classificado como Imóvel de Interesse Público. O espaço de exposição


Nessa exposição dou a conhecer uma perspectiva diferente ou alternativa da realidade, através de um registo estético feito de cor, luz e movimento, por oposição ao tom rude e acinzentado que, e de um modo geral, caracteriza a típica casa transmontana.

sábado, 11 de abril de 2015

E pur si muove


E pur si muove (“E no entanto ela move-se”), terão sido as palavras sussurradas por Galileu Galilei, ao terminar a leitura da renúncia a que havia sido forçado pela Inquisição, em Junho de 1633. Tratou-se, como é sabido, de obrigá-lo a desmentir publicamente o que tinha sido e continuava a ser sua profunda convicção, isto é, de que é a Terra que gira à volta do Sol e não o contrário.
Tomei emprestadas as palavras de Galileu, que dão título à minha exposição, patente no Museu Armindo Teixeira Lopes, em Mirandela, não para desafiar uma qualquer autoridade religiosa através da Ciência, mas simplesmente para desafiar o senso comum através da Arte. Neste caso, incitar o espectador a fazer as leituras que a sua imaginação for capaz de gerar, a partir da análise de um conjunto de pinturas.
Este é um dos poderes da Arte, o de despertar consciências, libertando-as de preconceitos e de ideias, frases ou imagens feitas, dando a possibilidade, a quem dela fruir, de reinterpretar, recriar, ou tão-somente questionar.
O resultado final é aquele que o público poderá ver ou sacar numa primeira impressão, ou seja, um conjunto de construções, velhas ou em ruínas, feitas de linhas e cores livres e animadas, que convidam o espectador a embarcar na vida e movimento que elas insinuam, num registo estético que roça o surreal. E no entanto elas movem-se…


sábado, 7 de março de 2015

Particularidades na inauguração de uma exposição de pintura


Na passada quarta-feira, dia 4, foi o dia da inauguração da minha exposição Metamorphosis, desta vez em Chaves, no Centro Cultural. Apoiada e organizada pela Associação Chaves Viva e pelo município, a exposição abriu assim ao público, e estará patente até ao dia 19 deste mês.
O espaço é notável, uma vez que, além de amplo, é, como convém, todo ele rodeado de paredes brancas (algumas delas amovíveis) e iluminação adequada, ou seja, individualizada.
Queria apenas acrescentar mais três notas: a primeira, a abertura feita por um trio de jovens da Academia de Música de Chaves, que brindaram os presentes com uma composição musical tocada com xilofones, de uma forma brilhante; a segunda, e já que falo de jovens, foi a agradável surpresa de contar com uma dezena e meia deles, que vieram assistir à inauguração; por último, não é qualquer um que se pode dar ao luxo, num evento destes, de contar com a presença de um artista popular, "caído de paraquedas", que durante a visita recitou poemas e tocou músicas de sua autoria, proporcionando, assim, um ambiente agradável aos visitantes. Não podia pedir mais!
No final, e para minha surpresa, fizeram-me a “maldade” de me entrevistarem para o canal online Chaves TV1!
Ficam os meus agradecimentos, em especial à Chaves Viva, pela divulgação da exposição nos diversos meios de comunicação social e o acolhimento caloroso.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Nadir Esculpido

Os meus artistas do 6º ano de escolaridade, do Agrupamento de Escolas Gomes Monteiro, de Boticas, desenvolveram um conjunto de esculturas, ao qual lhe dei o título de “Nadir Esculpido”. Partindo de materiais reaproveitáveis e inspirados na estética e obra de Nadir Afonso, assim é prestada uma homenagem ao pintor.
Não será demasiado dizer que para alunos com idades que variam entre os 11 e os 14 anos, a qualidade dos trabalhos é, no mínimo, notável! Num trabalho de pura criatividade e de fruição estética, onde o entusiasmo e a atitude de pesquisa e descoberta estiveram sempre presentes, estes jovens foram, pouco a pouco, dando forma aos materiais de que dispunham, culminando com breves apontamentos gráficos e cromáticos, tomados emprestado do colorido e das linhas que caracterizam uma boa parte das obras do mestre Nadir Afonso.

Depois de uma primeira exposição na escola, este acervo segui para o Centro de Artes Nadir Afonso, um lugar privilegiado e simbólico, já que representa um espaço de mostra de eleição da obra do artista plástico. A exposição estará patente até ao dia 14 de Março.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Saber bem receber e valorizar


Lá diz o velho ditado que “santos da casa não fazem milagres”. E eu que o diga! Por isso me sinto cada vez mais impelido a exibir a minha actividade artística fora do meu concelho, Vila Pouca de Aguiar. Não vou dizer que neste tudo é mau ou negativo. Estaria a ser injusto. Mas muito há ainda a fazer pela autarquia pelos artistas e outros agentes culturais da terra, que se vêem, não poucas vezes, obrigados a deslocarem-se para outras paragens, para aí sim, o seu trabalho ser reconhecido.
A questão vem a propósito da forma como, e pela segunda vez, fui recebido pela Câmara Municipal de Boticas, a respeito de uma exposição de pintura. Desde a abertura manifestada à minha proposta, passando pela preparação, divulgação até à inauguração da exposição, a hospitalidade e o profissionalismo de toda a equipa, a começar pela presidência e pelo pelouro da cultura, é qualquer coisa de notável.
Começa logo pelo espaço de exposição, os Paços do Concelho, de uma arquitectura moderna, amplo, luminoso e que transmite uma sensação de bem-estar aos seus visitantes. Falando por mim, sentimo-nos em plena galeria. Mas a forma como tudo é preparado, em especial a parte gráfica (cartazes, convites e cadernos/portefólios do artista/exposição) é simplesmente admirável. Vê-se e sente-se o carinho e o brio que está latente em toda a organização do evento cultural. Aliás, já tive a oportunidade de constatar este facto em muitos outros promovidos pela autarquia botiquense.

No dia da inauguração da minha exposição, no passado dia 22, onde habitualmente, neste tipo de eventos, estão presentes a vereadora da Cultura e o presidente e/ou vice-presidente da Câmara Municipal, umas horas antes sugeri, em tom jocoso, ao “operacional-mor” da agenda cultural da autarquia, o Sr. João Adegas, que a mesma promovesse umas acções de formação, subordinada ao tema “Saber bem receber e valorizar”, dirigidas às vereações da cultura de outras autarquias!

Em Boticas, terra onde desenvolvo a minha actividade profissional, sinto-me em casa.

Parabéns e obrigado à Câmara Municipal de Boticas.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

No vértice do Portillín Oriental


No passado fim-de-semana, de 2 a 4 de Janeiro, desloquei-me às Astúrias para aí levar a cabo mais uma das minhas escaladas. Tratou-se do pico Portillín Oriental, com 2215 metros de altitude, situado no Parque Natural de las Ubiñas-La Mesa.Não é a primeira vez que me desloco a este maciço, porque considero que ele oferece condições que permitem aos amantes da escalada praticarem alpinismo invernal a um alto nível. Para tal, muito contribui o seu clima e as características e variedade do relevo. Refiro-me à proliferação de corredores de neve e gelo, bem como de cristas, pilares e grandes paredes rochosas.

O Portillín Oriental faz parte de um conjunto de 5 picos, mais ou menos alinhados, designados de Portillines, muito frequentados pelos escaladores, sobretudo para fazerem a sua travessia, quer no Verão, quer no Inverno.
A aventura, propriamente dita, traduziu-se no palmilhar de uma via com cerca de 200 metros, numa escalada recheada de surpresas, muito comprometida, não só porque alternava entre corredores de neve dura, placas de gelo e paredes rochosas, mas também, e sobretudo, porque fi-la em solitário.


Não me atrevo a descrever com fiz a descida! Só de loucos… como eu!
Uma curiosidade, que aliás inspirou o título: o espaço do cume é tão exíguo que não arriscava a dar um passo de dança!  
Deixo-vos com o vídeo desta aventura: https://www.youtube.com/watch?v=H33X6kJT-7U