No passado dia 20 de Agosto alcancei o cume de uma montanha considerada por muitos a mais bela do mundo. Obviamente que a opinião é discutível. No entanto, é de facto uma montanha impressionante, quer pela sua beleza e forma única, quer pela exigência que coloca a quem a quiser escalar. Com os seus 4478 metros de altitude, o mítico Matterhorn (em suíço) ou Cervino (em italiano) constitui uma imponente e majestosa montanha, que se destaca na paisagem dos Alpes pela sua forma original. Assemelha-se a uma pirâmide. O seu historial é negro, pois são muitos aqueles que já lá perderam a vida… e continuam a perder. Na primeira vez em que foi escalada, a 14 de Julho de 1865, dos sete alpinistas que alcançariam o cume (Edward Whymper, Charles Hudson, Lord Francis Douglas, Douglas Hadow, Michel Croz e os Peter Taugwalder, pai e filho), apenas 3 regressariam com vida. Na descida, os restantes quatro acabariam por morrer numa queda.
Apesar de me sentir bem fisicamente, a nível anímico revelava algumas fragilidades. Valeram-me as palavras do meu Anjo da Guarda, que me deram o estímulo necessário para abraçar com coragem o desafio que se me colocava. Que bom ter um anjo da guarda!
Inicialmente estava programado escalá-la com um amigo espanhol, de Valencia, que viria a ser impedido de me acompanhar por motivos profissionais. Perante este contratempo, e dada a minha determinação em subi-la, acabei por fazê-lo em solitário até certo nível. Optando pela via mais acessível, mas mais concorrida, a via Hörnli (situada na aresta nordeste), com um desnível de cerca 1200 metros, decidi subir a montanha em duas etapas. A primeira, dos 3200 metros de altitude até aos 4000, foi na verdade conseguida em solitário. Aí decidi pernoitar num pequeno refúgio, no qual só é permitido instalar-se em caso de emergência. Uma pequena infracção necessária! Entretanto, e nesse mesmo refúgio, conheci um alpinista de nacionalidade alemã (o meu amigo Otto), que tinha os mesmos objectivos que eu (escalar toda a montanha em solitário), com o qual acabaria por acordar a subida em conjunto dos restantes 478 metros, no dia seguinte.
Diga-se, em abono da verdade e neste caso particular, que uma escalada em solitário faz-se mais rápido. No entanto, uma cordada de 2 ou 3 alpinistas proporciona maior segurança, embora nalguns casos isso possa representar um empecilho, e até algum risco.
Apesar da pressão psicológica e do desgaste físico, tudo correu bem. As vistas do cume, essas, impressionantes! Com o céu limpo pude contemplar paisagens de cortar a respiração. Um infortúnio impediu-me que as registasse. Durante a escalada, uma bolsa com uma máquina fotográfica e telemóvel que levava presa à alça da minha mochila soltou-se, tendo eu apenas tempo de a ter visto saltitar pela montanha abaixo, para acabar no abismo. Enquanto apenas forem objectos, bem vamos andando!
muy buena crónica de la ascensión Rui!!lo que no sabía es que ibas solo....
ResponderEliminarun saludo,
Ion