Há poucas semanas, mais precisamente no dia 16 de Novembro,
tivemos a honra de receber no nosso concelho o ministro da educação, Nuno
Crato. O motivo da visita, recordemos, foi o da inauguração do pavilhão
desportivo de Pedras Salgadas, sito junto à sede do Agrupamento de Escolas
desta vila. Apesar de a recepção ter incluído a animação habitual, digo, música,
oferendas, rituais e os discursos da praxe, tal não foi suficiente para evitar que
o ministro da educação soltasse um queixume. É verdade! Entretanto, o nosso
presidente Domingos Dias, sempre arguto e atento ao que o rodeia, e como que
adivinhando o lamento do ministro, teve o cuidado de incluir no cabaz que lhe
foi oferecido a nossa famosa Água das Pedras, para, como o próprio disse, “ajudar
à digestão”. Não sei se não terá havido aqui alguma ironia pérfida por parte do
nosso edil, pois, na realidade, a actualidade política e económica do nosso
país não está para boas digestões, seja para que ministro for!
Mas voltemos atrás. Na verdade, o desabafo do ministro teve certamente
a ver com o facto de o próprio estar habituado a recepções bem mais calorosas
do que aquela que lhe foi propiciada na nossa terra. Nuno Crato confessou que ficou
surpreendido por não ter sido recebido com queixumes pela população local. De
facto, isto não é coisa que se faça a tão insigne figura do Estado!
Ora nós, como bons transmontanos, e sobretudo como bons
aguiarenses, que temos a fama de bem receber os nossos visitantes, sejam eles
da plebe ou da nobreza, deveríamos e tínhamos a obrigação de ter feito mais e
melhor, proporcionando uma verdadeira e merecida moldura humana. Não fora o
secretismo (diga-se, tacanho) que envolveu a visita de Nuno Crato à nossa terra,
preconizado pelas entidades organizadoras, e seguramente que o auditório não se
teria ficado por algumas dezenas de espectadores mas, sim, por muitas centenas.
São oportunidades que não se podem perder.
Ainda que reconhecidamente calamitosas as políticas
educativas que o nosso ministro da educação tem preconizado (desinvestimento,
empobrecimento curricular, aumento da centralização da educação, despedimento
em massa de professores, promoção do elitismo, etc.), esta não é, porém, razão
suficiente para não se lhe ter proporcionado um acolhimento mais fogoso. Talvez
seja por isso que o mesmo tenha sido tão parco nas palavras!
Apesar do secretismo bacoco que guarneceu a visita do
ministro, temperado com um programa déjà
vue, ou seja, repisado, quero deixar bem claro que não se trata de
desconsiderar quem, com tanto esmero, deu o seu melhor para receber a dita
figura de Estado. Longe de mim tal ideia! As entidades, personagens e
figurantes envolvidos na recepção a Nuno Crato merecem o meu maior respeito e as
maiores felicitações. E se deram o seu melhor, mais não se lhe pode pedir. Como
diz o ditado: “Quem dá o que pode, a mais não é obrigado”. Por outro lado, e ainda
sobre este ponto, há sempre a expectativa de que o futuro próximo nos possa
trazer outros protagonistas, e com eles formas mais distintas de receber os
nossos visitantes.
1 comentário:
De formas distintas, creio eu que estarão esses protagonistas já familiarizados; foi preciso o nosso Ministro vir visitar os de "Pra cá do Marão" para experimentar sensações raras...
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