Cedo se apreçaram as Marias Amélias, quais virgens
ofendidas, a sair à rua para condenar o Dr. Mário Soares, por (segunda as suas
tendenciosas interpretações) o ex-presidente da República ter apelado à
violência contra o governo, durante a sua intervenção na conferência "Em defesa da
Constituição, da Democracia e do Estado social", decorrida na aula Magna da reitoria da
Universidade de Lisboa, no passado dia 21.
NÃO, não é bem
assim!
VIOLÊNCIA é um
Primeiro-Ministro que convida os jovens, mão-de-obra qualificada, a emigrar;
VIOLÊNCIA são os
comentários reaccionários e jactantes de figuras públicas como Fernando Ulrich,
Camilo Lourenço, João César das Neves, entre outros;
VIOLÊNCIA são os
cortes brutais, cada vez mais abaixo da média europeia, nos orçamentos para as
artes, para a cultura, para a educação, para a saúde, para o desporto, para
apoios sociais;
VIOLÊNCIA são os míseros
485€ do Salário Mínimo Nacional;
VIOLÊNCIA são
reformas de 150, 200 ou 300€;
VIOLÊNCIA é o
roubo nas pensões e nos vencimentos da administração pública;
VIOLÊNCIA são as
remunerações faraónicas de alguns administradores;
VIOLÊNCIA é uma
clientela político-partidária bem servida e remunerada que abunda nos gabinetes
de ministros, à conta do erário público;
VIOLÊNCIA são as
contínuas políticas que condenam cada vez mais o interior do país à
desertificação;
VIOLÊNCIA são as
rendas do sector das energias, o caso BPN, as PPP e outras traficâncias, sempre
com os mesmos beneficiários, e os mesmos lesados;
VIOLÊNCIA é o
empobrecimento do país;
VIOLÊNCIA é a
subserviência aos agiotas e aos usuários que sugam o nosso país;
VIOLÊNCIA é a
ignorância e a letargia (que se vêem reforçadas com actuais políticas
educativas) de uma boa parte da população;
VIOLÊNCIA é o
aumento de 2 milhões de euros no financiamento do ensino particular e
cooperativo, em detrimento da escola pública;
VIOLÊNCIA é criar
um sistema de “ensino dual” que visa criar uma escola de elites e outra para o
“refugo”;
VIOLÊNCIA é a
corrupção, o compadrio, o tráfico de influências, as fraudes que grassam entre
políticos e grandes grupos económicos;
VIOLÊNCIA é a
venda a retalho do país, digo, de empresas públicas com saldo positivo anual de
milhões de euros, a multinacionais ou grandes grupos económicos, com sede
fiscal noutros países;
VIOLÊNCIA são
pessoas a faltarem a consultas médicas, a não comprarem medicamentos e bens de
primeira necessidade, a não pagarem a renda ou a conta da luz, por falta de
dinheiro.
SIM, isto tudo e
muito mais é que é violência.
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