E pur si muove (“E no entanto ela move-se”), terão sido as palavras sussurradas por Galileu Galilei, ao terminar a leitura da renúncia a que havia sido forçado pela Inquisição, em Junho de 1633. Tratou-se, como é sabido, de obrigá-lo a desmentir publicamente o que tinha sido e continuava a ser sua profunda convicção, isto é, de que é a Terra que gira à volta do Sol e não o contrário.
Tomei emprestadas as palavras de Galileu, que dão título à minha
exposição, patente no Museu Armindo Teixeira Lopes, em Mirandela, não para
desafiar uma qualquer autoridade religiosa através da Ciência, mas simplesmente
para desafiar o senso comum através da Arte. Neste caso, incitar o espectador a
fazer as leituras que a sua imaginação for capaz de gerar, a partir da análise
de um conjunto de pinturas.
Este é um dos poderes da Arte, o de despertar consciências,
libertando-as de preconceitos e de ideias, frases ou imagens feitas, dando a
possibilidade, a quem dela fruir, de reinterpretar, recriar, ou tão-somente questionar.
O resultado final é aquele que o público poderá ver ou sacar
numa primeira impressão, ou seja, um conjunto de construções, velhas ou em
ruínas, feitas de linhas e cores livres e animadas, que convidam o espectador a
embarcar na vida e movimento que elas insinuam, num registo estético que roça o surreal. E no entanto elas movem-se…
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