O ano de 2018, particularmente o seu último trimestre,
vaticina o que poderá ser o de 2019.
A nível nacional, a pré-campanha para as eleições a
realizar neste ano, sobretudo para o Parlamento Europeu e legislativas, já rola
há algum tempo. As caravanas partidárias já circulam nas feiras, certames e
outros eventos onde o povo acorre em massa. Temos, e iremos ter em crescendo,
membros do executivo na estrada, a correr o país de lés-a-lés, anunciando
grandes investimentos em obras públicas, algumas delas sem saber ao certo
quando começarão, e muito menos quando acabarão, prevendo-se que se estendam
para mais de uma ou duas legislaturas. E assim será até Outubro. Até lá iremos
naturalmente assistir a acérrimas disputas partidárias, quer entre a oposição
de direita e o governo, quer entre este/PS e os partidos que o apoiam (BE, PCP
e PEV), neste caso cada um deles a reclamar louros da governação. Os discursos
inflamados de dirigentes partidários terão seguramente a bênção dos
comentadores políticos encartados. Contaremos, claro está, com o oráculo de
Marques Mendes. Novas revelações rasteiras surgirão a colocar em causa este ou
aquele político, este ou aqueloutro governante, com o pior da comunicação
social a fazer julgamentos na praça pública.
A avaliar pelas manifestações e pelas greves em
curso, mais as que estão anunciadas, perspectiva-se um ano quentinho! Com promessas
(algumas em letra de lei) adiadas ou metidas na “gaveta” e os “paliativos” a
esgotarem-se, esperam-se tempos de agitação social a perturbar o sono de
António Costa. O apregoado projecto alternativo de governação de direita faz-se
de movimentações no sentido de dar protagonismo não um “querido líder”, mas um
líder que seja querido e congregador dos partidos que se situam neste espectro
político-partidário, empunhando a bandeira da ofensiva contra a frente de esquerda.
Apesar do período de aparente acalmia dentro do
PSD, após a prorrogação do “prazo de validade” de Rui Rio, a oposição interna
manter-se-á preparada para, e a qualquer momento, voltar a mostrar as suas garras.
E esse momento poderá ocorrer já em Maio, assim que forem conhecidos os
resultados das europeias.
Marcelo Rebelo de Sousa continuará omnipresente,
entrando nas nossas casas diariamente e nalguns directos televisivos, deixando
sugestões, conselhos, reparos, “puxões de orelhas”, tudo isto temperado com as
habituais e infindáveis selfies.
Economia, saúde, educação, transportes públicos, finanças,
sistema bancário, cativações, estatísticas, sondagens, julgamentos mediáticos, dívida
pública, déficit, Cristina Ferreira, entre outros, farão parte da agenda
mediática usque
ad nauseam.
Lá por fora continuaremos a assistir às tropelias
de Trump, à guerra económica entre este e Xi Jinping, ao posicionamento
geoestratégico e provocações de Putin, bem como aos sempiternos conflitos, massacres
e êxodos no Médio Oriente e noutras partes do globo. Seguiremos assistindo a
centenas de mortes de refugiados no mediterrâneo e à ampliação ou construção de
novos muros para placar os sobreviventes. A extrema-direita seguirá,
perigosamente, fazendo doutrina, e assim recrudescendo os populismos, os
messianismos, os discursos identitários, e com estes o preconceito, a
xenofobia, o racismo, a discriminação de género, o Estado securitário, etc.,
promovidos pelos “bolsonaros”, “trumps”, “orbáns”, “salvinis” e outros
quejandos. Tudo isto num clima tóxico que irá marcar as eleições europeias,
tentando abrir ainda mais fissuras no projecto europeu.
E que dizer desse imbróglio chamado de Brexit, cujos estilhaços ainda não estão
completamente calculados, que ameaça contribuir para o anunciado abrandamento
da economia a nível internacional?!
É caso para aguardar pelo “posfácio” com
inquietação!
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