Tenho por hábito, bem antes da abertura das
exposições, de fazer algumas pesquisas na Internet sobre a terra que irá
receber as minhas obras. Interessa-me particularmente conhecer o património
concelhio, sob as suas mais variadas formas de manifestação. A gastronomia,
claro, também entra no “cardápio”!
Chegado o dia da montagem da exposição, que por vezes
coincide com o da inauguração, tento, na medida do possível, tomar contacto com
um ou outro ponto de interesse que previamente estudei. Com ou sem guia, lá
trato de visitar determinados monumentos e/ou espaços de interesse cultural. Mas
é no convívio com as pessoas que me têm recebido, mais aquelas que travo
conhecimento durante as inaugurações, que tenho obtido os maiores proventos.
Do contacto com os responsáveis pela cultura
concelhia, que pode ir desde o presidente de câmara municipal, passando por
vereadores, chefes de gabinete, directores de equipamentos culturais, até chegar
a todos aqueles que, directa ou indirectamente, tratam da logística que envolve
a preparação das exposições, tenho aprendido imenso com a entrega e o
profissionalismo evidenciados. Neste âmbito, destaco a forma diligente e respeitosa
como várias autarquias tratam os agentes culturais.
Poderia dar inúmeros exemplos de autarquias, vilas
ou cidades, do interior ou litoral, que sabem acolher os artistas e que fazem
questão de os envolver em todo o processo de preparação de uma exposição, desde
os primeiros contactos até ao dia da inauguração, consultando-os e pondo-os ao
corrente de cada passo. Falo de pessoas que canalizam as suas energias para
proporcionar uma agenda cultural diversificada, que sirva os diferentes
públicos, e que se concentram naquilo que realmente interessa, entenda-se, nas
mais-valias que determinado artista e o seu trabalho poderá trazer à terra, e
não em questões marginais, como por exemplo, saber se a pessoa que lhe dá corpo
desperta a simpatia de fulano, sicrano ou beltrano.
Ficando-me apenas pelo interior, Macedo de
Cavaleiros, Murça, Boticas ou Montalegre são bons exemplos de como a cultura é
vista, não apenas como uma forma de potenciar a economia local, mas também de
promover o seu património, e ainda, e não menos importante, zelar pelo
enriquecimento cultural das populações.
Outra questão de enorme relevância prende-se com os
espaços onde desenvolvem as actividades culturais, especialmente aqueles que se
destinam a acolher exposições de artes plásticas. Sejam eles feitos de raiz ou
então resultado de felizes reconstruções/adaptações, tenho conhecido galerias
de uma qualidade notável. Falo de espaços amplos, bem localizados, bem equipados,
acolhedores e com uma iluminação natural e/ou artificial que cumprem os
requisitos necessários à exposição das obras de arte. Enfim, de fazer inveja!
Posto isto, não poderia estar mais de acordo com um
texto publicado neste jornal, em Setembro de 2017 (nº 154), da autoria do
bibliotecário da Biblioteca Municipal de Vila Pouca de Aguiar, o Dr. Paulo
Gonçalves, a respeito do dinamismo, profissionalismo e dos investimentos nos
domínios cultural e económico que vêm sendo feitos, desde há muito, pela autarquia
de Montalegre. Como o autor enfatizava, um exemplo a seguir por outros
concelhos do alto Tâmega. Vale a pena lê-lo.
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