sábado, 20 de dezembro de 2008

É Natal


Ano após ano repetem-se os mesmos votos, os mesmos desejos, e assim, os mesmos clichés. Com que sinceridade o faremos? Até que ponto o infortúnio dos mais desprotegidos nos toca? Qual o nosso grau de entrega por causas como o combate à fome, à doença ou à pobreza? Sem dúvida que estas questões nos dão que pensar! Por outro lado, isto levar-nos-ia a repensar, entre outras coisas, o conceito e o papel da cidadania.
Apesar de efémero, o Natal é naturalmente um momento de alegria, mas apenas para aqueles que são capazes de sonhar e de materializar alguns dos sonhos. Não vou aqui fazer o discurso da lamúria ou da resignação, até porque eventualmente acabaria por tomar emprestado alguns dos ditos clichés.
Derivada do latim ‘natalis’, a palavra Natal significa nascimento. Deixando de parte, com o devido respeito, a história do menino Jesus, gostaria apenas de desenvolver uma curta reflexão sobre a associação deste conceito ao de ‘felicidade’.
Logo que tomamos consciência da nossa existência, e à medida que vamos amadurecendo e aprendendo com as contingências da vida, vamos construindo o nosso conceito de felicidade. O que nos faz feliz varia de sujeito para sujeito. O objecto de desejo é, enfim, o móbil para conseguirmos a felicidade. Por qualquer estímulo, e por diferentes origens, algo nasce e cresce dentro de nós, necessitando de ser saciado. Todos os dias nascemos e sujeitamo-nos ao imprevisto. Independentemente de qualquer precaução que tomemos, nada impedirá que possamos ser surpreendidos por um qualquer facto inimaginável que surja, e que poderá mudar o rumo de um futuro que julgávamos certo… quiçá para um destino melhor!
Escalar uma montanha, passear, contemplar uma obra de arte, ler um bom livro, pintar um quadro ou ter uma conversa interessante com uma pessoa interessante são, para mim, momentos de felicidade. O somatório destas e de outras experiências dão corpo a um reportório que vamos construindo, que nos enriquece, alimenta e tempera a nossa vida. Partilhá-lo faz de nós pessoas mais sociáveis, desejadas ou amadas, e por isso mais felizes.
Desprendemo-nos das futilidades do nosso quotidiano rotineiro, vivamos um dia de cada vez e façamos deste curto momento, que é a vida, uma experiência única, válida e gratificante.

Bom Natal