sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Queixumes...


Há poucas semanas, mais precisamente no dia 16 de Novembro, tivemos a honra de receber no nosso concelho o ministro da educação, Nuno Crato. O motivo da visita, recordemos, foi o da inauguração do pavilhão desportivo de Pedras Salgadas, sito junto à sede do Agrupamento de Escolas desta vila. Apesar de a recepção ter incluído a animação habitual, digo, música, oferendas, rituais e os discursos da praxe, tal não foi suficiente para evitar que o ministro da educação soltasse um queixume. É verdade! Entretanto, o nosso presidente Domingos Dias, sempre arguto e atento ao que o rodeia, e como que adivinhando o lamento do ministro, teve o cuidado de incluir no cabaz que lhe foi oferecido a nossa famosa Água das Pedras, para, como o próprio disse, “ajudar à digestão”. Não sei se não terá havido aqui alguma ironia pérfida por parte do nosso edil, pois, na realidade, a actualidade política e económica do nosso país não está para boas digestões, seja para que ministro for!
Mas voltemos atrás. Na verdade, o desabafo do ministro teve certamente a ver com o facto de o próprio estar habituado a recepções bem mais calorosas do que aquela que lhe foi propiciada na nossa terra. Nuno Crato confessou que ficou surpreendido por não ter sido recebido com queixumes pela população local. De facto, isto não é coisa que se faça a tão insigne figura do Estado!
Ora nós, como bons transmontanos, e sobretudo como bons aguiarenses, que temos a fama de bem receber os nossos visitantes, sejam eles da plebe ou da nobreza, deveríamos e tínhamos a obrigação de ter feito mais e melhor, proporcionando uma verdadeira e merecida moldura humana. Não fora o secretismo (diga-se, tacanho) que envolveu a visita de Nuno Crato à nossa terra, preconizado pelas entidades organizadoras, e seguramente que o auditório não se teria ficado por algumas dezenas de espectadores mas, sim, por muitas centenas. São oportunidades que não se podem perder.
Ainda que reconhecidamente calamitosas as políticas educativas que o nosso ministro da educação tem preconizado (desinvestimento, empobrecimento curricular, aumento da centralização da educação, despedimento em massa de professores, promoção do elitismo, etc.), esta não é, porém, razão suficiente para não se lhe ter proporcionado um acolhimento mais fogoso. Talvez seja por isso que o mesmo tenha sido tão parco nas palavras!
Apesar do secretismo bacoco que guarneceu a visita do ministro, temperado com um programa déjà vue, ou seja, repisado, quero deixar bem claro que não se trata de desconsiderar quem, com tanto esmero, deu o seu melhor para receber a dita figura de Estado. Longe de mim tal ideia! As entidades, personagens e figurantes envolvidos na recepção a Nuno Crato merecem o meu maior respeito e as maiores felicitações. E se deram o seu melhor, mais não se lhe pode pedir. Como diz o ditado: “Quem dá o que pode, a mais não é obrigado”. Por outro lado, e ainda sobre este ponto, há sempre a expectativa de que o futuro próximo nos possa trazer outros protagonistas, e com eles formas mais distintas de receber os nossos visitantes.