terça-feira, 19 de setembro de 2023

Também sou candidato a presidente

Não à Câmara Municipal de Vila Pouca de Aguiar, mas à Presidência da República.
Se Marques Mendes, com pouco mais de metro e meio de altura, é candidato a candidato, eu, com 1,78m, porque não poderei sê-lo também? Dirão alguns que “um homem não se mede aos palmos”. Certo, mas também é inegável que, em tempo de campanha, e em especial nas arruadas, o facto de não precisar de usar calçado de salto alto dar-me-ia vantagem. Ou acham aceitável que um candidato, para se fazer notar, desfile por entre o povo empoleirado nos ombros de alguém, ou então num andor? Sobre essa desvantagem, que o diga Alberto João Jardim, que durante uma arruada na Madeira, numas eleições regionais, aqui há alguns anos, a dada altura perguntou, respeitosa e polidamente, pelo ex-líder do PSD, que se tinha perdido no meio da multidão, mais ou menos assim: “Onde está o gajo?”. Por outro lado, porque que é que, nesta corrida ao mais alto cargo da nação, o comentador da SIC não poderá ter como concorrente, um comentador do Notícias de Aguiar? Além do mais, embora não sendo eu conselheiro de Estado, nem ter acesso a uma privilegiada variedade de fontes de informação de que o próprio goza (pese embora a sua conhecida verborreia), sou mais certeiro nos prognósticos.
Quanto a Santana Lopes, que anda por aí, de olhos postos no céu a ver o que está escrito nas estrelas, pode ser que nas suas andanças acabe por se perder e termine algures nalguma noite branca. Sobre Rui Rio, uma fonte anónima, próxima do ex-líder do PSD, diz ser “prematuro estar a discutir o tema a 27 meses de distância das eleições presidenciais, porque isto é queimar uma hipótese” (Público, 6/09/2023). Rio parece apostado na prudência, jogando com o tempo, longe de fontes de ignição. A mesma bitola parece seguir Paulo Portas. Algo que também se poderia dizer de Passos Coelho, embora amigos próximos do ex-primeiro-ministro continuem a afirmar que a sua vocação é a governação ou, parafraseando António costa, ser um “fazedor”. Durão Barroso já veio confirmar que não é candidato. Pudera, perder dinheiro e a paz de uma reforma tranquila!? Só se fosse tolo!
Quanto à esquerda, os eventuais candidatos ainda são uma incógnita. Contudo, não representarão uma ameaça à minha candidatura. Desde logo porque poderão ser assediados para cargos bem mais aliciantes do que o de Presidente da República. Estou a pensar, por exemplo, e no caso do PCP, do eventual candidato acabar por ser convidado por Putin, para assumir o cargo de Ministro das Operações Especiais. António Costa, dizem as más-línguas, estará com um olho em Bruxelas. Augusto Santos Silva hesita entre concorrer à Presidência da República ou à sua junta de freguesia. O Bloco de Esquerda parece seguir a mesma prudência de Rui Rio, ou seja, não quererá precipitar-se, com o receio de queimar eventuais candidatos na praça pública.
Do lado dos offsiders a coisa também não se revela muito auspiciosa. Veja-se o caso do almirante Gouveia e Melo, cujo tiro de partida (com algum retardamento) acabou por atingir o próprio pé, com o episódio dos marinheiros que recusaram embarcar no navio Mondego. Ora nenhum (potencial) presidente da república quererá correr o risco de se confrontar com a deserção de assessores, conselheiros ou, pior ainda, da mulher das limpezas! Sobre Ana Gomes, paira a dúvida se ela estará disposta a pousar o taco de basebol, assim que (e se) receber algum chamamento da ala esquerda do PS, ou da esquerda à esquerda deste, para se candidatar. Sendo uma mulher versada, acredito que ela acredita que conseguiria conjugar as duas ocupações: a de comentadora-gladiadora com a de candidata. Mário Centeno é uma carta fora do baralho. Quanto a Guterres… é só fazer as contas.
Por fim, e a respeito da extrema-direita, muito provavelmente iremos suportar de novo com o jogral do costume, o Ventura, seguido pela sua tribo, a fazer do espaço público uma latrina. Do candidato megafone não faltarão as mentiras, demagogia, ilusionismo, gritaria, vitupérios, caça aos ciganos e imigrantes, enfim, o espectáculo grotesco do costume, para assim acicatar e embriagar a plebe.
A única razão que me levaria a desistir das presidenciais de 2026, era se o Tino de Rans voltasse a entrar na corrida. Com o seu hino de campanha, “Pão-pão-pão-pão-pão-pão, com manteiga é tão bom…” eu não teria a mínima hipótese de vir a sentar-me no trono de Belém, e aí clamar: veni, vidi, vici!