sábado, 11 de abril de 2015

E pur si muove


E pur si muove (“E no entanto ela move-se”), terão sido as palavras sussurradas por Galileu Galilei, ao terminar a leitura da renúncia a que havia sido forçado pela Inquisição, em Junho de 1633. Tratou-se, como é sabido, de obrigá-lo a desmentir publicamente o que tinha sido e continuava a ser sua profunda convicção, isto é, de que é a Terra que gira à volta do Sol e não o contrário.
Tomei emprestadas as palavras de Galileu, que dão título à minha exposição, patente no Museu Armindo Teixeira Lopes, em Mirandela, não para desafiar uma qualquer autoridade religiosa através da Ciência, mas simplesmente para desafiar o senso comum através da Arte. Neste caso, incitar o espectador a fazer as leituras que a sua imaginação for capaz de gerar, a partir da análise de um conjunto de pinturas.
Este é um dos poderes da Arte, o de despertar consciências, libertando-as de preconceitos e de ideias, frases ou imagens feitas, dando a possibilidade, a quem dela fruir, de reinterpretar, recriar, ou tão-somente questionar.
O resultado final é aquele que o público poderá ver ou sacar numa primeira impressão, ou seja, um conjunto de construções, velhas ou em ruínas, feitas de linhas e cores livres e animadas, que convidam o espectador a embarcar na vida e movimento que elas insinuam, num registo estético que roça o surreal. E no entanto elas movem-se…