terça-feira, 22 de novembro de 2022

Pecados do líder

Não se nasce líder. Faz-se líder. Mas nem qualquer um está talhado para sê-lo. E quando algum não tem clarividência suficiente para perceber que não está à altura de o ser, então alguém terá de lho fazer ver.
Tomo o conceito de “líder” num sentido abrangente. Entre outros, poderá tratar-se de um presidente (de junta de freguesia, de câmara municipal, da República, de um conselho de administração, etc.), um primeiro-ministro, um governante ou um director do que quer que seja.
Podem ser imensas e variadas as razões que levem determinada figura a querer assumir uma posição de liderança. Podem ser das mais nobres às mais interesseiras. Certo é que para que tenha sucesso na sua governança terá de revelar idoneidade para assumir o cargo. Mais ainda quando for responsável por um povo, uma comunidade, um grupo ou uma equipa de trabalho que venha a chefiar.
Nos últimos tempos tem sido notícia vários casos polémicos envolvendo políticos e governantes, mais concretamente, sobre supostas incompatibilidades entre o exercício de cargos públicos/governativos e outras actividades privadas ou empresariais. Mas sobre questões legais não me pronunciarei, porque esta não é a minha praia. Apenas tomaria como exemplo o caso que foi mais mediatizado nas últimas semanas, o de Miguel Alves, o agora ex-secretário de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro. Envolto em polémicas, sobretudo relativas ao período em que foi presidente da câmara de Caminha, o adjunto de António Costa acabaria por cair como uma maçã podre. Moral da história: cuidado na hora de escolher os adjuntos!
Voltemos ao início. Dizia eu que não é qualquer um que está talhado para ser líder. Tomarei como exemplo a governação de uma escola, muito embora ele possa ser estendido a outros contextos. Além da evidente necessidade de estar minimamente por dentro da Lei, entenda-se, da legislação em vigor para o cargo e funções que venha a exercer, o líder, vulgo, director, tem o dever de procurar reunir todos os meios necessários para proporcionar as melhores condições de trabalho para a comunidade escolar. E uma dessas condições passa, desde logo, pela imprescindível criação de um clima de empatia. Só assim conseguirá conquistar a confiança e respeito daquela. O líder terá de ter lucidez e conhecimento no momento de priorizar os investimentos em equipamentos, recursos materiais ou recuperação de espaços, tendo a humildade de auscultar os mais directos interessados (professores e alunos), pois é das condições de trabalho de todos os envolvidos, bem como da aprendizagem e formação dos alunos que se trata. Apoiar iniciativas que sejam efectivamente uma mais-valia para as aprendizagens dos alunos, em detrimento daquelas que são puro marketing ou propaganda. Ser imparcial e sério na avaliação e gestão de conflitos ou das mais variadas ocorrências. Por último, e voltando atrás, o líder deve munir-se de adjuntos que se orientem pela mesma bitola.
Se a grande meta de uma escola é, e bem, contribuir para o sucesso escolar dos seus alunos, então neste caso nenhuma destas premissas poderá ser ignorada. Caso contrário, voltamos ao primeiro parágrafo.