domingo, 25 de junho de 2017

As tropelias de Trump

As coisas não correm de feição ao presidente dos EUA, quer a nível externo, quer interno. Depois de ter jogado todas as fichas no populismo dos partidos europeus de extrema-direita, tentando influenciar as eleições que foram ocorrendo nalguns países deste continente, e com uma “perninha” da Rússia, Trump perdeu em toda a linha. Assim aconteceu, em particular, na Holanda e na França. Já acontecera com o Brexit, com o seu apoio a Nigel Farage, líder de um partido xenófobo que foi praticamente varrido nas recentes eleições britânicas.
No passado mês Trump levou a cabo um périplo internacional, tendo passado pelo Médio Oriente, seguindo-se a Europa. No primeiro país visitado, a Arábia Saudita, tratou daquilo que mais gosta: negócios. E que negócios! Daqui resultou o maior contrato de venda de armas da história norte-americana, num valor de 110 bilhões de dólares. Em Riad, a recebê-lo, para além do rei saudita estiveram igualmente outros líderes do Golfo. Também eles negociantes honestos e filantropos! Aqui, podemos dizer que o presidente norte-americano foi bem-sucedido. Entretanto, aproveitou para renovar as ameaças em romper com o acordo nuclear com Teerão, conseguido a muito custo pelo seu antecessor, Barack Obama. Música celestial para os ouvidos das autoridades sauditas e de outros vizinhos, com destaque para Israel! E foi precisamente para este país que seguiu. Pelo caminho teve ainda tempo para acender o rastilho de uma bomba de efeitos retardatários para o Qatar e a região.
O presidente norte coreano, com um nome que soa a gemido, por já se ter dado conta do bluff do charlatão loiro, a respeito da ameaça de uma intervenção militar americana, continua com o seu foguetório e as suas marchas “populares”! Este conceito deve ser entendido em toda a sua polissemia. 
Seguiu-se Jerusalém e Belém (Cisjordânia) para encontros com Benjamin Netanyahu e Mahmud Abbas, para renovadas encenações sobre a paz neste caldeirão. No Vaticano aguardava-o Sua Santidade, o Papa Francisco. As fotos do encontro falam por si! 
Depois veio Bruxelas, com Trump a ser recebido pelos presidentes da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e do Conselho Europeu, Donald Tusk, numa reunião da NATO, onde aproveitou para mandar mais algumas farpas aos seus parceiros europeus, acerca do défice de participação de alguns destes no orçamento daquela organização. Apesar de alguma razão na “alfinetada”, não evitou que angariasse mais alguns comentários e olhares de repulsa. 
Por último, a visita a Taormina, na Sicília, para uma cimeira do G7. Nesta, Trump voltou a dar conta do seu antagonismo em matérias como globalização, economia, ambiente e política de refugiados, renovando recados à Alemanha, a respeito do défice comercial que os Estados Unidos mantêm nas relações com este país. Enfim, poder-se-á dizer que Trump foi um verdadeiro elefante numa loja de porcelanas! Foi o suficiente para a Europa ter percebido que pouco ou nada poderia contar com os EUA como parceiro comercial, enquanto Donald Trump estiver na presidência, tal como sublinhou a chanceler Merkel no final da cimeira. Aplaudo. Os principais líderes europeus começam a mostrar as suas garras. Veremos até quando!
Regressado aos EUA, Trump não tardou em anunciar que rasgava o Acordo de Paris sobre as alterações climáticas, dando continuidade à reversão de boa parte das políticas ambientais adoptadas pela administração Obama. Mas logo alguns dos seus estados, como Pensilvânia e Nova York, recusaram-se a alinhar nesta tropelia. Para além de ex-presidentes norte-americanos, juntaram-se grandes empresa, tais como, Tesla, Apple, General Electric, Google, Amazon, Twitter, Microsoft, IBM, etc., no coro de críticas ao inquilino da Casa Branca.
A justiça americana também não lhe dá tréguas. O presidente está oficialmente sob investigação na sequência do despedimento do director do FBI, James Comey. Poderá ser acusado de obstrução à Justiça no caso da alegada influência russa nas eleições presidenciais norte-americanas.
Veremos os próximos capítulos, que não auguram nada de bom para Donald… e para o mundo!