quarta-feira, 22 de julho de 2015

Casa do Tempo


No passado dia 17 de Julho foi inaugurada mais uma exposição minha, desta vez em Cabeceiras de Basto, num maravilhoso espaço cultural que dá pelo nome de Casa do Tempo. Fica já o concelho para que o visitem. Vale realmente a pena. Ah, e já agora aproveitem para visitar a exposição!
Realço a forma calorosa e profissional com que fui recebido pela autarquia, que desde o primeiro contacto manifestou total disponibilidade para organizar a exposição. O evento foi abrilhantado pela participação e animação musical do grupo Cavaquinhos da Raposeira, cujo “líder” é um velho amigo que reencontrei, depois de 20 anos sem ter notícias dele.

Não faltou champanhe para brindar todos os presentes, numa noite de Verão bastante agradável.
A exposição estará patente até ao dia 3 de Setembro.




domingo, 5 de julho de 2015

O Supremo Tribunal de Exames


Estamos à porta da segunda fase dos exames nacionais. As escolas continuam na azáfama de preparar as condições necessárias para que essas provas decorram com toda a normalidade, seguindo uma panóplia de procedimentos e critérios burocráticos e rigorosos.
No anterior artigo debrucei-me sobre os efeitos perversos que a avaliação externa (entenda-se, os exames nacionais) tem provocado no processo de ensino-aprendizagem, na medida em que, como dissera, “o trabalho docente passou a privilegiar a preparação para os exames, em detrimento de uma escola que promova a curiosidade, desenvolva a inteligência e fomente a criatividade”. Desta vez focar-me-ei nos exames do ensino secundário, pela sua maior visibilidade, não só porque é o patamar que antecede o ensino superior, mas sobretudo por ser o leitmotiv do trabalho lectivo de muitos docentes.
Na dupla qualidade de professor e encarregado de educação vou ouvindo alguns dos meus caros colegas dizerem esta coisa assombrosa e peregrina, de que o seu trabalho lectivo visa, grosso modo, a preparação para os exames. Portanto, a sua grande e nobre missão é aprontar os alunos para levá-los a “julgamento” no Supremo Tribunal de Exames, um momento de avaliação que se debruça apenas, sublinho, sobre uma parte de um conjunto mais alargado de aprendizagens trabalhadas durante o ensino secundário, nos mais diversos domínios.
Ao contrário de outros países que levam a sério a educação, e que por isso figuram no top mundial dos melhores sistemas de ensino do mundo, no nosso país, o acesso ao ensino superior tem como critério único os exames nacionais. Nalguns deles, as capacidades artísticas, desportivas, actividades extracurriculares, entre outros, são valorizados e tidos em conta no ingresso no ensino superior. Como se não bastasse, por cá, a percentagem que algumas disciplinas atribuem ao domínio dos valores e atitudes, na avaliação dos seus alunos, é mísera, desvalorizando, assim, uma componente fundamental para a formação cidadã dos jovens.
Na minha opinião, essa é uma visão muito estreita e limitada do que deveria ser a realidade educativa. Vejamos, os exames nacionais valem apenas 30% da avaliação final! Depois, um aluno, por muito bem preparado que esteja não está livre de ter um dia não, de ter um bloqueio na hora do exame e deitar algo a perder no conjunto da sua avaliação final. Além disso, a tão propagandeada exigência colocada nos exames fica na gaveta em anos de eleições. É ao que estamos a assistir actualmente, com professores e alunos a considerarem os exames deste ano bastante acessíveis. Compreende-se, convém que as estatísticas sejam favoráveis e que o ministro da educação e o governo fiquem bem na fotografia!
O trabalho lectivo e pedagógico deveria, sim, estar centrado nas aprendizagens que se vão realizando, dia-a-dia, em diferentes contextos educativos, numa prática pedagógica reflexiva que, e ao primeiro sinal, procure dar resposta às dificuldades manifestadas pelos alunos. Em vez de despejar matéria de forma desgarrada para “cumprir o programa”, porque dizem, “há um exame!”, nem que tal signifique deixar para trás alguns alunos, haveria, sim, que prepará-los para os diferentes momentos de testagem dos mais variados conhecimentos e competências, através dos diferentes instrumentos de recolha de dados (testes sumativos, relatórios, trabalhos escritos, apresentações orais, entre muitos outros). Esse é o princípio basilar da avaliação contínua e formativa, integrada numa perspectiva de educação holística.