terça-feira, 20 de setembro de 2022

Por um jornal

No início de Setembro é comum assistirmos ao encerramento para férias de alguns estabelecimentos comerciais, particularmente os de restauração. Normalmente, cafés, pastelarias e restaurantes encerram, pelo menos por duas semanas, para um merecido período de descanso do pessoal. Só me dou conta disso quando esbarro na porta, dando de caras com um aviso afixado, a dar conta do fecho. Assim aconteceu mais uma vez, no início do mês, ao chegar à porta do café onde habitualmente me desloco, para aí cumprir o meu ritual de leitura do jornal diário (o JN), acompanhado da amiga bica. Que chatice! Logo tratei de procurar outros cafés onde me desloco menos amiúde, que também têm jornais diários, mas para azar dos meus azares também eles estavam encerrados. Continuei o périplo por outros lugares, que raramente visito, mas não fui bem-sucedido. Apesar de abertos, jornal nem vê-lo!
No conjunto de cafés, pastelarias e restaurantes, presumo que o total destes estabelecimentos comerciais na “baixa” aguiarense rodará as duas dezenas. Mais coisa, menos coisa. Pelo que sei e pude constatar são pouquíssimos os estabelecimentos da vila que disponibilizam um jornal diário para os seus clientes. Outros já o tiveram, mas encontraram na COVID uma desculpa a jeito para terminar com as assinaturas. Sei de casos que alegaram que deixaram de comprar o jornal por causa do perigo de contágio da referida doença. O mais curioso é que mantiveram o jornal da terra. E ainda bem. Pelos vistos, com o Notícias de Aguiar não há com que se preocupar. E assim sai uma rima!
Um café ou uma pastelaria não são apenas um espaço para consumo. Também são um lugar de encontro, de convívio ou para um momento de leitura, mais ou menos breve. Muitas pessoas, como é o meu caso, vão ao café especialmente para ler o jornal, acabando por consumir, claro. Habitualmente começo por uma bica, e se me demorar mais um pouco segue-se um cálice de Porto, e já aconteceu até ficar para almoçar. É pena que num país, como o nosso, onde as baixas taxas percentuais de leitura continuam a envergonhar-nos, onde muita gente dá erros ortográficos, gramaticais e de sintaxe, onde grassa muita desinformação e ignorância sobre tantos assuntos relevantes (especialmente nas redes sociais), se dê tão pouca importância à imprensa, neste caso aos jornais.
Por um jornal se conquistam ou fidelizam clientes.