quinta-feira, 21 de julho de 2016

Uma Europa refém de “técnicos de contas”


Já lá vai mais de um mês desde que os britânicos decidiram retirar-se da União Europeia (UE). Desde aí, muito se tem dito e escrito sobre este episódio, que continua a agitar as águas, sobretudo no velho continente.
Ainda antes desse acontecimento já se pressagiava o que poderia vir a acontecer. As ameaças, que inicialmente eram veladas, acabaram por se revelar. De um lado, e muito por força de uma atmosfera de crescente nacionalismo e xenofobia, de imediato surgiu a ameaça de novas consultas referendárias, não só dentro do próprio Reino Unido (RU), pela Escócia, mas também de outros países como a Holanda, a Dinamarca, Suécia, Itália e mesmo a França (aqui por reclamação da Frente Nacional), vincando assim o eurocepticismo que grassa. Por outro, temos as consequências económicas. A turbulência nas bolsas pós-Brexit logo obrigou o BCE e o banco de Inglaterra a injectar liquidez financeira nos mercados, mantendo-se ainda a incógnita sobre como se irá comportar a economia nos próximos tempos, quer no espaço europeu, quer mundial. Vai provavelmente acentuar-se o desequilíbrio político e económico entre Berlim e Paris, em parte devido à debilidade do governo de Hollande, que tinha no RU uma espécie de contrapoder.
Não surpreende de todo esta conturbação que se vive no seio da Europa. Os sinais já eram visíveis há longo tempo, assim como os alertas dados. À crise financeira de 2008, seguida de uma longa crise económica, juntou-se o problema dos refugiados, o crescimento de fenómenos xenófobos e extremistas, o terrorismo e o sentimento de insegurança e, claro está, a austeridade imposta.
Malgrado toda esta conturbação política, económica e social, parece confirmar-se o que alguns vaticinavam, ou seja, que os líderes europeus pouco ou nada aprenderam com o Brexit. Aliás, a primeira reacção a este, foi o início de uma pressão e chantagens inconcebíveis de Bruxelas sobre o RU para que acelerasse a formalização da sua saída, ao mesmo tempo que ameaçava com uma resposta musculada para outros pretendentes a “exits”!
Esta Europa, longe da idealizada pelos seus pais fundadores, encontra-se subordinada a um directório de burocratas, cuja política se resume à obsessão pelo limite de défice imposto pelo Tratado Orçamental e à urgência em vedar a vaga de refugiados. Sobre a primeira, aos prevaricadores é dado um tratamento diferenciado. Portugal e Espanha têm de ser castigados. França, por exemplo, “porque é a França”, como diz Juncker, é-lhe concedido mais tempo para por as contas em dia! Esta forma diferenciada no tratamento de Estados da UE não surpreende, na medida em que se sabe que há muito que é defendido a criação de dois blocos de países. As movimentações políticas vão nesse sentido.
Em meados de Julho do ano passado o presidente francês propunha a constituição de uma "vanguarda" da União Europeia, que, e segundo o seu primeiro-ministro, Manuel Valls, seria composta pelos países fundadores da CEE. A ideia de um núcleo duro e de uma Europa a duas velocidades não é uma originalidade gaulesa. O Parlamento alemão, através de um manifesto do grupo CDU/CSU, da autoria de Schäuble, já dava conta dessa intenção. Nele, o núcleo duro incluía, para além da Alemanha, a França, a Holanda, a Bélgica e o Luxemburgo. Ou como refere João Ferreira do Amaral, numa entrevista à Rádio Renascença (12/07/2016), “um super-estado europeu, a defender novos avanços na centralização de poder na União. Na área da defesa, da economia, das finanças públicas querem criar um monstro ainda maior de decisão única central (…)”, retirando ainda mais autonomia aos parlamentos nacionais. Esta corrente de pensamento da direita germânica, apoiada por outros países do centro e do norte da Europa, mantém a tónica na política de austeridade, pese embora as consequências nefastas verificadas para a economia europeia. Não é por acaso que a recente proposta do primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, de responder ao Brexit com mais flexibilidade orçamental, resolução dos problemas estruturais da arquitectura institucional do euro, e mutualização das dívidas, foi recusada pelo Partido Popular Europeu.
Algumas vozes têm vindo a terreiro denunciar esta cegueira ideológica e o caminho perigoso a que ela está a levar a Europa. Em entrevista à Renascença e ao Observador no passado 4 de Julho, Pierre-Olivier Gourinchas, professor do departamento de Economia da Universidade da Califórnia, defendeu que a Zona Euro deveria criar um mecanismo permanente de reestruturação de dívida, considerando ser esta uma solução para “aliviar o endividamento excessivo”, libertando recursos para o investimento.
Xoan Mao, Secretário-Geral do Eixo Atlântico, num artigo recentemente publicado no JN (12 de Julho), defende que a União Europeia “não pode continuar a ser a Europa dos burocratas e dos banqueiros. Não pode continuar a ser uma Europa distante dos cidadãos, incapaz de falar com uma só voz e de recordar a sua filosofia fundacional. Uma Europa de emigrantes e de exilados que agora fecha as portas aos que se vêem empurrados pela guerra. (…) Mas toda a crise é também uma grande oportunidade. E desta temos de tirar uma transformação da UE; de uma Europa dos cidadãos e da liberdade. Uma terra multicultural de acolhimento e integração”.

Para finalizar, tomo igualmente emprestadas as palavras de Rafael Barbosa, que defende que “só há um caminho capaz de travar a estagnação e o declínio: aprofundar a união política e os mecanismos de participação (e não apenas os de representação), atribuindo poderes políticos a órgãos democráticos como o Parlamento Europeu e retirando-os a órgãos burocráticos como a Comissão Europeia, reduzindo o monopólio da Alemanha e seus satélites, reforçando o papel de regiões e municípios. Em resumo, mais federalismo, mais democracia, mais proximidade, igual a Europa” (JN – 23/06/2016). 

sábado, 2 de julho de 2016

Exposição de pintura no "Museu Municipal - Museu do Móvel" de Paços de Ferreira

No passado Sábado, dia 2, chegou a vez de dar a conhecer a minha colecção de pinturas, do projecto Fragmentos Urbanosa, no Museu Municipal – Museu do Móvel de Paços de Ferreira. 
Coube ao director do museu, o Dr. Mário Leal, fazer as honras da casa, tendo este começado por agradecer a presença do público, bem como a minha, tendo-me endereçado os maiores elogios pelas minhas pinturas. Agradeci naturalmente as amáveis palavras que lhe foram endereçadas 
pelo director do museu, à autarquia pelo seu convite, aproveitando aqui para felicitá-la pelas condições excepcionais do espaço de galeria/exposição, e também, claro está, a presença do público. Prossegui com uma curta explicação sobre temática explorada nas suas pinturas, completada com uma análise estética.
O momento foi abrilhantado com um recital de poesia e música, levado a cabo pelos alunos da Universidade Sénior de Paços de Ferreira. Depois seguiu-se uma visita guiada por mim, que terminaria com um Porto de Honra para todos os presentes.
A exposição estará aberta ao público durante dois meses, ou seja, até ao dia 3 de Setembro de 2016.