domingo, 29 de setembro de 2019

Legislativas 2019

Estamos a poucos dias de eleger um novo parlamento, podendo-se já fazer um breve balanço do que foi a campanha eleitoral protagonizada pelos diferentes partidos, não faltando, claro está, o escrutínio da governação socialista. Com pequenas variações, as sondagens apontam para uma vitória clara do PS. Permanece apenas a dúvida se ela será por maioria relativa ou absoluta. À direita e à esquerda a luta tem sido intensa para que esta última não se concretize. 
Os debates a dois ou em grupo não parecem ter alterado significativamente a “tabela classificativa” dos partidos. António Costa tem-se limitado a gerir os créditos alcançados dentro e fora do país. A descida do desemprego e o aumento do emprego, a redução e o controlo do défice, a subida paulatina do rating da dívida portuguesa pelas agências de notação financeira, o aumento das pensões e do ordenado mínimo, os passes sociais, entre outros, têm sido as bandeiras do PS e do governo, embora algumas delas tenham a paternidade dos partidos mais à sua esquerda (BE e PCP/PEV). 
Entretanto, à esquerda e à direita, a oposição não se tem feito rogada nas críticas à governação de António Costa relativamente a algumas matérias. Por muito que este aponte os milhões investidos aqui ou ali, a verdade é que o SNS continua a padecer de algumas patologias. Acumulam-se as dívidas, aumentam as listas de espera e as reclamações, quer de utentes, quer dos profissionais de saúde. O investimento público está em mínimos históricos. Na educação, o problema da falta de assistentes operacionais em muitas escolas mantem-se, o melhoramento do parque escolar não se fez ao ritmo do recomendável, o reconhecimento de todo o tempo de serviço trabalhado (sublinho) pelos professores teve o desfecho que é conhecido (mas não está esquecido…), o envelhecimento da classe docente é uma realidade preocupante. O “fordismo” legislativo, a autonomia e o modelo de gestão das escolas, bem como a municipalização, são outros dossiês cheios de espinhos. O apelidado “Ronaldo do Eurogrupo” na União Europeia é, dentro de portas, designado de “Centeno, o cativador”. Saúde e Educação são dois dos sectores em que as limitações nas despesas são bem notórias.
Por outro lado, e à direita, PSD e CDS não conseguem libertar-se do espartilho que foi a troika e a sua governação. É crível que em matéria de política de finanças, tal como de economia, um governo liderado pelo PSD, coligado ou não com o CDS, não seria muito distinto do governo socialista.
À esquerda, BE e PCP/PEV, parceiros de governação, mas agora correndo naturalmente em pistas próprias, fazem pela vida para, como atrás referi, impedir uma maioria absoluta do PS. Assim, para além de comungar de algumas críticas feitas pela direita, juntam-se as bandeiras que sempre os caracterizaram ideologicamente, em particular as da defesa do Estado Social e do mundo laboral. 
O PAN, que conseguiu inteligentemente fazer com que o ambiente e os animais fossem tema central, pelo menos nos debates em que participou, é um partido que não deixou de revelar fraquezas noutros domínios. Pelos vistos, uma experiência parlamentar de quatro anos não parece ter sido suficiente para este partido apresentar propostas governativas fiáveis em áreas como a educação, saúde, economia, etc., pese embora eu não pactue com a demonização que lhe tem sido feita, quer pelos outros partidos, quer por alguns comentadores de serviço. 
Por falta de uma cobertura mediática mais equitativa ficam por conhecer melhor as propostas apresentadas por outros partidos mais pequenos, tais como o Livre, o Aliança, o Iniciativa Liberal, entre outros. Para os interessados resta-lhes uma visita às respectivas páginas na Internet!
No dia 7 veremos qual será o xadrez político e a relação de forças na assembleia da república, e se daí resultará ou não um novo acordo parlamentar ou coligação e com que partidos. Espero acima de tudo que os eleitores cumpram o dever cívico de votar, que é simultaneamente um direito que custou muito a conquistar, de modo que a abstenção não seja a grande vencedora da noite das eleições