domingo, 11 de dezembro de 2011

Antropologia complexa do facebooker

Arrebatador é, no mínimo, o adjectivo que se poderá aplicar ao mais recente estudo coordenado pelo antropólogo Rui Duarte, professor catedrático na Universidade do Planalto do Alvão. Trata-se de um estudo do tipo etnográfico, que recorreu à metodologia de investigação por inquérito, e que resultou de um árduo e prolongado trabalho levado a cabo por uma equipa multidisciplinar de investigadores, constituída por antropólogos, psicólogos, sociólogos, historiadores, pedagogos, engenheiros informáticos, exorcistas, um presbítero e ainda uma beata.
Segundo as palavras do Professor Rui Duarte, “o estudo mobilizou toda uma comunidade científica altamente credenciada e motivada para levar a cabo uma investigação séria e isenta, com o principal pressuposto de traçar o perfil psicossocioantropológico de uma espécie ainda pouco conhecida: o facebooker. O professor fez questão de realçar as dificuldades encontradas no terreno, durante as sessões de inquérito, sobretudo pelo facto do facebooker ser, em geral, uma personagem circunspecta, que tem algumas dificuldades em assumir tal epíteto.
Mas recuemos um pouco no tempo. O estudo recaiu sobre uma população/amostra de 2180 indivíduos, e decorreu na região do Alto Tâmega e Barroso. Aplicados os inquéritos e feita a análise cuidada dos dados, chegou-se a um conjunto de conclusões, deveras surpreendentes. Ao contrário do que o senso comum poderá julgar, o facebooker é, na realidade, uma figura complexa.
O Professor Rui Duarte e a sua equipa conseguiram definir não um, mas vários perfis do facebooker. Como sublinha o professor, “a tribo dos facebookers é constituída por subgrupos, com comportamentos distintos. De acordo com os dados fornecidos pelo inquérito, detectámos algumas manifestações anti-sociais entre indivíduos dos diferentes subgrupos”. Ao todo, o professor fala-nos de quatro subgrupos: os Ociosos (do latim otiosae), os Curiosos (do latim curiosus), os Sequiosos (do latim, sitientibus) e os Acéfalos (do latim acephalous).
Começando pelos primeiros, os Ociosos, o Professor Rui Duarte frisa que os indivíduos deste subgrupo utilizam o facebook com uma frequência moderada (ver quadro I) e, basicamente, por simples lazer, “tal como quem joga uma partida de sueca”, segundo palavras jocosas do professor. Tal como o nome indica, são indivíduos que vêem naquela rede social um espaço ocioso, um espaço de abnegação e por isso são, regra geral, indivíduos desafectados.
Os Curiosos aproximam-se dos anteriores no que respeita ao número de visitas ao facebook, mas distinguem-se quanto ao tempo de permanência (voltar a ver quadro I), para além da diferente concepção que têm deste espaço de interacção social. Diz o coordenador do estudo que as escassas e pouco demoradas visitas que operam têm como principal objectivo "passar em revista o 'cartaz de notícias/novidades', para sermos mais rigorosos, o chamado 'mural'”. Fazem-no, tal como os Ociosos, de uma forma descomprometida.
Os Sequiosos, os mais arrevesados segundo o Professor Rui Duarte, são indivíduos que sofrem de uma patologia, que o mesmo denomina de Facebookodependência Disfuncional. Os dados são claros e inequívocos a este respeito (impreterivelmente ver o quadro I). Segundo este estudioso, “este grupo levanta grandes preocupações e reservas, não só pelo facto de não admitirem que sofrem desta enfermidade, como também por recusarem submeter-se a uma terapêutica de recuperação. Estamos perante um caso preocupante de saúde pública”. Os elementos deste grupo, segundo o professor, sentem uma avidez em colocar conteúdos na sua página. Sequiosos, porque sentem um incontrolável desejo, cupidez, sede de saciarem inúmeras e variadas necessidades, desde as mais básicas – aqui cabem as de ordem afectiva e/ou libidinal (que tange o romanesco) – até às mais soberbas, tais como a notoriedade, o reconhecimento de uma identidade própria e singular, o ingresso na socialite ou simplemente a fuga a um certo isolamento geográfico ou social. Este grupo, ainda segundo o coordenador do estudo, “tem um código e rituais próprios. Desenvolve uma relação de cumplicidade, especialmente entre os membros do seu grupo, e muito raramente entre os dos outros, uma relação algo promíscua e concupiscente, que faz lembrar algumas das melhores obras da literatura neoclássica e romântica”.
Os Acéfalos, curiosamente o grupo em que eu inequivocamente me enquadro, caracterizam-se por serem indivíduos incapazes de desenvolver uma hermenêutica do facebook. O seu baixo nível intelectual, cognitivo, cultural e de literacia compromete-os de tal maneira, que são incapazes de fazer um balanço sobre as potencialidades daquela rede social. No entanto, acreditam que o facebook constitui uma necessidade perene para a sobrevivência e futuro do Homo Sapiens, tal como as de carácter fisiológico.




O Professor Rui Duarte fez questão de endereçar os melhores cumprimentos aos mecenas que financiaram esta investigação e a sua publicação pela Alvão Editores. São eles, a Academia de Ciências de Coito de Dornelas, a Junta de Freguesia da Lixa do Alvão, o Clube de Sueca de Tresminas, a Casa de Bordados de Rebordochão e Centro Paroquial de Nantes.
Por último, recomendo vivamente a consulta das obras elencadas na bibliografia abaixo apresentada, que serviu de suporte para o enquadramento conceptual do estudo aqui noticiado, que vale sobretudo pela sua variedade de autores, obras que vão desde o início século XX ao ano de 2014, pasme-se!



Nota: Para os interessados em acercar-se de uma análise mais aprofundada deste inestimável estudo, bastará aceder ao seguinte link: http://educator-mons.blogspot.com/

BIBLIOGRAFIA

DUARTE, Rui (1901). O Período Jurássico do facebooker. Paredes: Alvão Editores.
DUARTE, Rui (1903). Freud e a psicoterapia aplicada ao facebooker. Paredes: Alvão Editores.
DUARTE, Rui (1917). O facebooker e o milagre de Fátima. Paredes: Alvão Editores.
DUARTE, Rui (1919). O facebooker no período pós 1ª Grande Guerra Mundial. Paredes: Alvão Editores.
DUARTE, Rui (1938). O facebooker no período pré 2ª Grande Guerra Mundial. Paredes: Alvão Editores.
DUARTE, Rui (1946). Traumas psicológicos do facebooker. Paredes: Alvão Editores.
DUARTE, Rui (1955). As teorias behavioristas e construtivistas na perspectiva do facebooker. Paredes: Alvão Editores.
DUARTE, Rui (1960). O facebooker e o Estado Novo. Paredes: Alvão Editores.
DUARTE, Rui (1975). O facebooker e a Revolução dos Cravos. Paredes: Alvão Editores.
DUARTE, Rui (1978). Construção da identidade do facebooker. Paredes: Alvão Editores.
DUARTE, Rui (1986). O facebooker e a adesão à Comunidade Económica Europeia. Paredes: Alvão Editores.
DUARTE, Rui (1990). O contributo do facebooker na Arte Contemporânea. Paredes: Alvão Editores.
DUARTE, Rui (1994). O contributo do facebooker para a projecção das novas Tecnologias da Informação e Comunicação. Paredes: Alvão Editores.
DUARTE, Rui (1998). O facebooker e a Economia de Mercado. Paredes: Alvão Editores.
DUARTE, Rui (2001). O facebooker na entrada do novo milénio. Paredes: Alvão Editores.
DUARTE, Rui (2004). O Euro 2004 e o facebooker: uma promessa gorada. Paredes: Alvão Editores.
DUARTE, Rui (2006). 2005, ano de criação do Prémio Nobel do Facebooker. Paredes: Alvão Editores.
DUARTE, Rui (2007). Contributos de um facebooker para a Educação para os Media. Paredes: Alvão Editores.
DUARTE, Rui (2008). O facebooker e o caso Madoff. Paredes: Alvão Editores.
DUARTE, Rui (2009). O facebooker: um freelancer ou um insurrecto?. Paredes: Alvão Editores.
DUARTE, Rui (2011). O facebooker e a Primavera Árabe: os primeiros passos para a democracia do tipo ocidental. Paredes: Alvão Editores.
DUARTE, Rui (2010). A participação do facebooker nas orgias de Berlusconi. Paredes: Alvão Editores.
DUARTE, Rui (2011). A crise financeira, o perigo da queda do euro e… do próprio facebooker!. Paredes: Alvão Editores.
DUARTE, Rui (2012). O facebooker: uma figura inovadora e empreendedora. Paredes: Alvão Editores.
DUARTE, Rui (2013). O facebooker: um boy ou um boi?. Paredes: Alvão Editores.
DUARTE, Rui (2014). O facebooker na presidência da (extinta) Comissão Europeia. Paredes: Alvão Editores.