segunda-feira, 17 de junho de 2013

Escolhas Acertadas vs. Fatídicas


Será uma vulgaridade dizer que um qualquer órgão executivo deverá primar pela competência e pela seriedade. Logo, a primeira premissa a considerar deveria ser a ponderada escolha dos elementos para a sua formação. Este postulado aplica-se, naturalmente, nos mais variados contextos em que tal possa verificar-se, quer se trate do governo de uma república, de uma autarquia, de uma associação cultural ou mesmo de uma escola. Falhar neste ponto é um passo decisivo em direcção à tortuosidade e ao mais que provável descontrolo da governação, com todas as consequências nefastas que daí possam advir. Veja-se o exemplo da actual coligação PSD/CDS. Tirando os casos em estado vegetativo que ainda lá moram, nunca é demais lembrar o imbróglio que representou para a coligação o Dr.(?) Miguel Relvas, no (demasiado) longo período de tempo em que foi ministro. Passos Coelho, ao manter a confiança (!) no seu ‘promotor’, mais não fez do que lhe prolongar a sua agonia, ao mesmo tempo que infligia rudes golpes na credibilidade do seu próprio governo.
Infelizmente existem por aí muitos “miguéis relvas”! Podemos encontrá-los nas redondezas, e com histórias muito semelhantes à do ex-ministro. Não é de todo difícil encontrar figuras que, por exemplo, forjaram credenciais para poderem progredir numa carreira política ou profissional. Só que, malogradamente, se não for um outro elemento da mesma equipa a “tirar o tapete” ao prevaricador, poderá ser, então, um qualquer diploma legal que venha a fazer ou a repor justiça. Estas figuras, melhor dizendo, figurantes, por vezes de aparência claramente condizente com a sua essência, não passam de seres que, isolada ou cumulativamente, revelam características singulares. Vão desde os complexados, frustrados, enjeitados ou presunçosos, até aos parasitas, cobardes, sinistros ou simplesmente bacocos. Em síntese, falamos da fina for da incompetência!
Há ainda que contar com os conselheiros, verdadeiros “salta-pocinhas”, sempre à espera da sua oportunidade para tirar dividendos próprios. Personagens tão depressa mal-amadas e/ou perseguidas, como de repente (pasme-se!), verdadeiros parceiros estratégicos, por exemplo, nas cruzadas contra os ‘infiéis’ que ousam legitimamente enfrentar o despotismo e a baixeza dos que detêm o poder. Esses, porque vivem em Estados párias, pouco ou nada lhes importa quem os atiça ou sustenta. Nada dados a escrúpulos, este tipo de criatura não hesita perante a oportunidade de assaltar ela própria o poder, mesmo que o seu passado, enquanto ‘governante’, esteja marcado por uma acção calamitosa. Mais do que para servir, estão para servir-se!
Uma primeira ilação que se poderá, desde logo, retirar, é que aquele que tem a responsabilidade de formar um executivo, lato sensu, deverá estar bem consciente das escolhas que irá fazer para a sua composição, entenda-se, que ministros, secretários, vereadores, assessores, ‘subs’ ou adjuntos irá nomear. Deverá ponderar bem no momento de escolher. Mas mais importante ainda, é um presidente, primeiro-ministro ou director de qualquer instituição ter clarividência quanto às suas capacidades de liderança e quanto à sua missão. Quem falhar aqui, seguramente que, mais cedo ou mais tarde, falhará no resto. E mais pagará, quanto mais obstinado for.
Distinguiria dois tipos de “homem do leme”: a) aquele que tem um projecto de direcção/governação assente nos mais nobres valores, e numa razoável dose de altruísmo; b) aquele que visa tão-somente, ou acima de tudo, atingir um status que lhe permita notoriedade, e quem sabe fazer da cadeira do poder um trampolim para voos mais altos, eventualmente mais rentáveis.
O primeiro orientará a sua acção através da seriedade, humildade, diálogo, respeito pelos seus pares, valorização dos recursos humanos de que dispõe, mais os que for capaz de convocar, num projecto realista e agregador, capaz de reunir as sinergias necessárias para a sua efectivação.
O segundo privilegiará, primeiro, os seus interesses particulares, seguido os dos seus ‘cúmplices’, e só depois os que primeiro deveria servir. Para o efeito contará com oportunismos, encenações, diplomacia travestida e ainda com o alto patrocínio de alguma imprensa. Como resultado, teremos um “governante” e um executivo de face "caiada", cujo exercício fica marcado, por um lado, pela inércia, conflitualidade, perfídia, cobardia e futilidade, e por outro, pelo culto da personalidade, “caça às bruxas” e subserviência a interesses político-partidários. Acontece que os desta segunda linhagem, porventura mais cedo do que pensavam, ou do que as profecias anunciavam, acabam um dia por sair pela porta das traseiras… sem glória, nem saudade!