terça-feira, 18 de agosto de 2015

Uma empreitada nos Alpes

Nos dias 7 e 11 de Agosto escalei duas montanhas dos Alpes, com altitudes superiores a 4.000 metros. Uma delas, o Dufourspitze, mais conhecida por Monte Rosa, com os seus 4.634 metros representa a segunda montanha mais alta dessa cordilheira do continente europeu. O outro cume alcançado foi o do Castor, uma montanha com 4.228 metros de altitude. Ambas são partilhadas pela Suíça e pela Itália.
Quanto à primeira, juntando-se a um desnível de 1.800 metros, que vai desde o ponto de partida, o refúgio de montanha do Monte Rosa, até ao topo da dita montanha, uma longa travessia de glaciares recheados de fendas que atingem centenas de metros de profundidade, percorridos de noite, mais uma neve empapada nalguns dos tramos do percurso, devido às altas temperaturas que se têm feito sentir neste Verão nos Alpes, estava assim reunida uma mistura “explosiva”, que viria a dificultar a escalada. Representou para mim, sem dúvida, um desafio bastante exigente, quer técnica, quer fisicamente. A partida aconteceu ainda antes das 3 da madrugada do dia 7, tendo o cume sido alcançado por volta das 10h15.
Foi uma das escaladas mais desgastantes que fiz até à data. Já em 2012 tentei escalá-la, mas acabei por desistir depois de ter assistido, em escassos minutos, à queda de dois alpinistas em fendas dos glaciares. A um deles ajudei inclusive no seu resgate. Além disso, também nesse ano as temperaturas estiveram elevadas neste maciço, tornando o terreno bastante perigoso.
Quanto ao Castor, embora com um grau técnico pouco exigente, certo é que os últimos 100 metros até chegar ao cume percorrem-se por uma aresta gelada, com cerca de 40 cm de largura e com pendentes de 70˚ para cada um dos lados.
Na página dos vídeos deste blogue poderão assistir aos vídeos que produzi sobre esta expedição.

domingo, 2 de agosto de 2015

Vou ter saudades de Cavaco!


Nunca um presidente da República me divertiu tanto e deu tanto aso à minha imaginação, como Cavaco Silva. Com as suas tiradas públicas, creio, inclusive, que os próprios partidos da oposição encontraram, no mais alto magistrado da nação, o melhor e mais fiel aliado que poderiam desejar. E têm-no. Os seus “Roteiros”, onde reúne as suas principais intervenções públicas, são, veja-se, um autêntico almanaque, que nalguns momentos chega a confundir-se com um anedotário.
Deixando o comentário desses colossais tratados filosófico-políticos entregue a grandes vultos da cultura e sapiência, tais como os insuspeitos Camilo Lourenço, João Miguel Tavares, João César das Neves, Alberto Gonçalves, Nuno Melo, Pais Antunes e outros membros da academia, vou apenas glosar alguns dos momentos mais hilariantes protagonizados pelo nosso presidente da República, nos instantes em que é interpelado pelos jornalistas, ou quando faz comunicações ao país.
Embora a dicção e o timbre de voz não lhe sejam abonatórios, já para não falar na sua postura hirta e o seu caminhar autómato, certo é que Cavaco Silva, em resposta às interpelações daqueles profissionais da comunicação, é letal quando faz uso da sua arma secreta: “Não faço comentários”. Toma lá! Isto só demonstra toda a sua genialidade, de fazer inveja a um Churchill. Faz-me lembrar uma resposta que por vezes me era dada, quando era miúdo (embora com outras intenções!), e que era: “Calado dizes tudo!”.
Sem o mínimo rigor cronológico, simplesmente porque não estou para me dar a esse trabalho, começaria pela reforma de Cavaco Silva. Dissera ele, em tempo idos, que a sua miserável reforma de 10.000€ mal dava para pagar as suas despesas. Mas alguém duvida? Só mesmo essa seita costumeira de invejosos e arruaceiros para condenar o nosso estimado presidente, esquecendo-se da freima que é governar uma moradia como a do Palácio de Belém. Já alguma vez pensaram na conta da água, agravada pela rega diária das centenas de metros quadrados de jardim que o rodeiam? Na da electricidade, agravada pelo uso intensivo do meio privilegiado de ‘comunicação’ de Cavaco Silva, o Facebook, para manter um animado e elucidativo monólogo com, como ele diz, os “cidadões”? E a conta do telefone? E o mordomo? Não me perguntem qual deles! A criadagem? Espanta-me que Isabel Jonet ainda não tenha tomado nas mãos este caso humanitário dramático!
Só há uma em que não estou de acordo com o nosso presidente, aquela da penosa operação aritmética que há pouco tempo fez, a propósito da eminente saída da Grécia da zona euro. Dizia então o nosso presidente que se se desse o Grexit, teríamos que subtrair uma unidade a 19 (os países do Eurogrupo), resultando daí 18 unidades. Ora eu estou mais inclinado para a equação que alguns reputados economistas apontam, e que é: 19 – 1 <=> 19 – PIGS (Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha)
E que dizer de alguns dos condecorados pelo nosso presidente, tais como, Zeinal Bava, Miguel Horta e Costa, Dias Loureiro, Oliveira e Costa…?
Mas a melhor de todas, foi quando, no dia do anúncio da marcação da data das próximas eleições legislativas, Cavaco Silva defendeu que o próximo governo deverá (reparem, eu não disse “deveria”!) ter o apoio de uma maioria parlamentar, pensando obviamente numa coligação PSD/CDS. Disso não tenho a menor dúvida, pois segundo fontes fidedignas (as mesmas que violam sistematicamente o segredo de justiça), no dia anterior, enquanto preparava a dita e complexa comunicação frente ao espelho da casa de banho, o nosso presidente envergava o equipamento alternativo do FCP, das temporadas 1997/98 e 1998/99. Lembram-se, aquele de cores laranja e azul?