domingo, 31 de outubro de 2010

Errante

Onde me levas?
Onde imaginas tu que me possas levar?
Não te atrevas, aviso-te!
Não há mordaça que me cale, nem trela que me prenda.
Sou parte de uma soma que desconheces.

Errante, sigo o caminho que palmilho.
Nele não há espaço para a tua razão.
Uma senda feita de emoções,
Que nascem e desaguam no limbo da racionalidade.

Não falo a linguagem dos homens.
O instinto tomou conta de mim.
Da serrania vêm os apelos da mãe.
É lá que a minha consciência desperta.
É lá que a verdade me coteja.
É lá que me desvendo.
É lá que existo.

Alienado sou pela tua beleza.
Tentado sou a possuir-te,
Numa busca incansável e desgarrada.
Não há coração que aguente.
Tamanha é a dimensão do teu ser.
Mas o espírito temerário, que meu corpo algema,
Denega as amarras que a tua vontade incauta,
Sobre mim teima em lançar.


Rui Duarte