
Em outras ocasiões, noutros textos aqui publicados, já explanei bem a importância e o valor que tem para mim (e para qualquer amante da natureza) o contacto com a montanha. Ainda que por vezes seja para ver o mesmo e fazer mais do mesmo, há sempre algo de novo e impressionante que encontro. As paisagens de cortar a respiração e os sucessos que tenho obtido nas minhas escaladas acabam sempre por me aportar momentos de introspecção valiosos e uma confiança acrescida, que acabam por atestar aquilo que sabemos, ab aeterno, quanto à importância de nos sentirmos parte da natureza, de reconhecermos humildemente que somos um mero elemento deste cosmos.
Mas este ano vai ser diferente. A primeira saída, prevista para o dia 20 deste mês, causa-me alguma ansiedade. Talvez esteja a ser modesto quando digo “alguma”! Parto para a Tanzânia, para escalar a mais alta montanha do continente africano, o Kilimanjaro, aquela que inspirou o célebre escritor Ernest Heminghway, no seu livro, “As Neves do Kilimanjaro”. Não é tanto pela dificuldade técnica, que é relativa, mas pelo quase total desconhecimento do que lá irei encontrar. Por essa razão dei-me ao recomendável trabalho de fazer algumas pesquisas na Internet sobre este país, em particular sobre o seu povo e a sua geografia. O interesse por essa expedição não é apenas pela ascensão dessa montanha, um vulcão extinto há muitos anos e coberto com uma coroa de neve e gelo, mas também pelos ambientes e espaços que irei encontrar, designadamente, savana africana, floresta tropical, charneca, tundra, o próprio ambiente alpino, enfim, ÁFRICA! Depois há as pessoas, claro. Pelos vistos muito amáveis.
Para além destas curiosidades e do interesse despertado, tive o cuidado de me preparar ao nível da língua ali utilizada, no meio turístico. A língua oficial é o suaíli, embora, e devido à colonização britânica entre 1919 e 1961, também se fale o inglês. E ao estudo desta língua que me tenho dedicado, já lá vão cerca de 3 meses. Pelo menos o gosto ficou, e o interesse e a promessa em continuar a estudar também. É que há outros destinos que tenho na manga e que me vão igualmente exigir o “domínio” da língua. Não é que eu não fosse capaz de me desenrascar, mas exigente como sou comigo mesmo, entendi alargar os meus conhecimentos sobre a língua, para poder sustentar uma conversação mais ou menos prolongada. Vão ser cerca de 2 semanas nesse mundo desconhecido, e não me sentiria bem comigo mesmo se me ficasse por um “Hello”, “How do you do”, “I´m fine”, “Thank you”, “May I…” ou “I want this or that…”.
A ver vamos como é que me vou sair! A crónica de viagem está prometida.